sexta-feira, 9 de março de 2012

Diminuição da desigualdade e educação

O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou na última quarta-feira que a desigualdade social no Brasil, medida pelo índice de GINI, caiu pelo 12º ano consecutivo. Conforme informação do economista Marcelo Neri da FGV “estamos no menor nível de nossa história em termos de desigualdade. Mesmo assim, o Brasil continua entre os 12 países mais desiguais do mundo”.
Esses dados são muito importantes, uma vez que eles podem guiar o governo central no planejamento de políticas púbicas, que venham a incrementar, de forma mais positiva, a distribuição da renda.
A própria permanência do Brasil no grupo dos 12 países de maior desigualdade social, evidencia que as políticas até aqui adotadas têm sido de pouca efetividade para melhorar nossa posição no mundo.
O que certamente poderia acelerar esse processo é a melhoria na qualidade da educação. Contudo, não temos dado a devida prioridade à educação, que é o segmento que tem maior capacidade e poder de alavancar a mobilidade social. Os principais indicadores de avaliação do ensino, em seus diferentes níveis, têm demonstrado uma evolução lenta da qualidade do ensino e a necessidade do incremento de mudanças.
É a educação, sobretudo, a melhor estratégia para promoção do desenvolvimento com qualidade, o que abrange os aspectos humanos, culturais, econômicos e sociais. Por isto, a educação deveria ser tratada de frente, como um problema de prioridade nacional, e não como um problema secundário como atualmente ela é tratada.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) tem sido o maior defensor da educação junto ao Congresso Nacional. Sua proposta principal é que o ensino básico venha a ser federalizado - de responsabilidade da união – para que possamos dar um “salto de qualidade”, com adoção de sistemas universalizados e métodos mais eficazes. Contudo, sua voz tem ecoado muito pouco, diante da importância que tem a educação para o país.
Creio que Cristovam Buarque tem plena razão, quando defende que a educação seja priorizada, com ênfase para o ensino básico. Mas, qualquer reforma tem que resultar de reflexões profundas, do envolvimento de todo o setor e de todos os nossos segmentos pensantes. Tem também que considerar entre os parâmetros os casos de sucesso, que vêm se destacando pelos resultados - muitos deles excepcionais, quando compara à média nacional.
Outra questão importante é a dos salários, que ainda são muito baixos. Na universidade, por exemplo, um professor com doutorado ou pós-doutorado não pode receber salário menor que os de deputados e de vereadores. É importante também que se enfatize a meritocracia, pois a dedicação e comprometimento não podem ser desconsiderados.
Não é à toa que as classes A e B são as que mais irão crescer no período de 2012 a 2014, conforme apontam os estudos da FGV. Segundo Neri, enquanto a classe C terá uma expansão de 11,9%, as classes A e B crescerão 29,3% durante esse mesmo período. Isto se deve, principalmente, ao acesso das pessoas de maior renda a uma educação de melhor qualidade.
No entanto, embora exista uma luz ao final do túnel, continuaremos fadados a ficar na rabeira do mundo na distribuição da riqueza, enquanto tivermos uma política imediatista e pequena, que não prioriza os nossos interesses maiores.

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