Depois de uma enxurrada de denúncias, veiculadas nos principais órgãos de imprensa do nosso país, a presidenta Dilma Rousseff anunciou uma “limpeza” no Ministério dos Transportes (MT) e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – o Dnit, por gravíssimas evidências de superfaturamento nos preços das obras.
Somente nesta semana foi feita mais de uma dezena de demissões, a maioria de indicados do PR (Partido da República). Também foi anunciada que a “limpeza” será mais abrangente; chegará às superintendências do Dnit, espalhadas por todos os estados, de norte a sul do país, abarcando ainda algumas indicações do próprio PT, partido da presidenta.
Muitas das obras ora denunciadas já estavam sob suspeição há algum tempo, por irregularidades apontadas em auditoria do Tribunal de Contas de União – TCU. No entanto, o governo vinha relevando, inclusive de forma dissimulada, atribuindo a culpa das denúncias ora à “irresponsabilidade” da oposição, ora à imprensa “golpista”.
Mas a verdade é que no governo de Lula da Silva a corrupção chegou a patamares insuportáveis e de maneira tão escancarada, que não restou ao governo da presidenta Dilma outra medida que não fosse essa “limpeza” no Ministério dos Transportes e no Dnit.
Há ainda muitas suspeições sobre outros ministérios: Sobre o dos Esportes (lote do PCdoB), o das Minas e Energia (um dos lotes do PMDB), o das Cidades (lote do PP), o da Integração Nacional (lote do PSB), os da Saúde, da Educação e das Ciências e Tecnologia (lotes do PT), bem como sobre outras esferas do governo e das empresas públicas.
Entre as empresas públicas a campeã de irregularidades é a Petrobrás. Mas as irregularidades não se resumem ao superfaturamento em obras; são incidentes também sobre os mais diversos tipos de serviços contratados, muitas vezes sem licitação.
Mediante à tantas denúncias, é perceptível, com absoluta nitidez, que no aspecto da probidade a herança deixada pelo ex-presidente Lula da Silva para presidenta Dilma é a verdadeira “herança maldita”.
Diante dessa “herança maldita” é cedo ainda para avaliar se as medidas agora tomadas serão suficientes para arrefecer, pelo menos um pouco, o monstro da corrupção entranhada no nosso país, que se alimenta do dinheiro público, absolutamente sem qualquer altruísmo e nobreza.
Esse monstro, no entanto, não será debelado apenas com demissões. São necessárias reestruturações, partindo da diminuição do número de ministérios. É imprescindível as realizações das reformas políticas e tributárias, de forma consistente, bem como mudanças no código penal, para conter a impunidade, principalmente no meio político.
Porém não devemos esperar que a presidenta Dilma tenha forças para empreender essas reformas, pois elas dependerão essencialmente dos políticos. Contudo, louva-se a presidenta pelas atitudes tomadas, que não são sem tempo.
A demissão dos indicados de seus aliados políticos, inclusive do senhor ora menos poderoso Lula da Silva é atitude que merece consideração de todos. Mas se ela quiser realmente caminhar na direção da moralização de seu governo, terá que avançar muito mais.
Neste ano, até a última quarta-feira o governo arrecadou R$ 800 bilhões em impostos. A arrecadação prevista é de R$ 1, 40 trilhão, para este ano; R$ 200 bilhões a mais do que em 2010. O esforço das empresas e da sociedade civil é enorme; não se pode deixar que todo esse esforço, comprimido por uma carga tributária estratosférica, seja jogado no ralo da corrupção e do desperdício.
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