sexta-feira, 17 de junho de 2011

Histórias de academia

A academia é um excelente ponto de encontro. Pode-se juntar o útil ao agradável, para aproveitar o tempo. Logicamente que o útil é manter a forma física, o que não é muito fácil e exige imensurável esforço; o agradável é o convívio com as pessoas, as brincadeiras divertidas e as amizades que vão se formando.

Na academia conheci um amigo entusiasmado em competir comigo. Então eu colocava fogo: - Você está ótimo fisicamente; ainda vou te alcançar no peso; está muito melhor que eu; por aí ia, incentivando-o. Mas na realidade ele não me alcançava, nem no peso e muito menos na corrida. No aeróbico, sem falsa modéstia, sou expert e dificilmente sou batido, mesmo por pessoas mais novas.
Certo dia, me esquivando desse amigo para um almoço no final de semana, disse que seria difícil, pois teria algumas leituras para colocar em dia. Então ele me perguntou: - Você vai ler? Ler o quê? Prontamente respondi que sim, que estava lendo uns livros. Ele então retrucou, incisivamente e perplexo: - Você lê livros?
Todos que estavam naquele bate papo não seguraram a risada e tiraram uma “casquinha”, ajudando-o a gozar das minhas leituras de fins de semana, para disfarçar que era da expressão dele o motivo da algazarra.
Depois, na convivência diária fui aos poucos entendendo que ele detestava os livros, porque foi pouco à escola; que não via qualquer importância na leitura, nem mesmo de jornais e revistas; que foi dura a sua infância na roça, embora atualmente ele seja um empresário muito bem sucedido.
Foi na continuidade dessas brincadeiras que ele ficou empolgado por uma amiga - nem que a vaca tussa falarei seu nome. Como ele, ela também estava sozinha, depois de separada. E eu por trás botando fogo...
O resultado foi um jantar lá no Cantinho do Curuca em Meaípe, para o qual não fui convidado. Mas é claro que na primeira oportunidade que tive não deixei de procurar saber as impressões que ficaram das partes. Não poderia deixar que a função de Cupido ficasse incompleta!
Então temos aqui as duas versões: Pela versão dela: - Ah, eu acho que não vai dar certo; ele é muito diferente e está meio derrubado. Pela dele: - Ela gosta de teatro e de música clássica, mas ela vai acabar se amarrando no sertanejo. Disse que colocou muito CD bom para ela. Depois disso, acho que houve só mais um encontro – mas ela jura que não houve esse mais um.
Outra vez, durante um exercício, tive a infeliz idéia de apresentá-lo a outra amiga, que na época passava por problemas emocionais, devido a uma separação recente. Tinha a questão da diferença de idade, mas achei que não custava nada tentar...
Já no primeiro encontro ele ficou todo empolgado; de imediato se declarou, dizendo-se apaixonado e como um garotão falou: - Foi amor à primeira vista!
No primeiro passeio a Vitória, com o coração aberto, ele pediu que ela escolhesse o presente que quisesse. Ela então escolheu e comprou um livro, o que o deixou transtornado: - Como escolher esse presente? Se fosse uma jóia ou uma roupa de grife?
Para compensar, só mesmo uma surpresa: Como ela nunca havia viajado de avião, foram para o Aeroporto de Goiabeiras onde ele comprou os bilhetes de ida e de volta para o Rio de Janeiro. Lá tomaram um cafezinho no Santos Dumont, curtiram o finalzinho da tarde e voltaram.
Infelizmente esse namoro também não durou muito tempo, razão pela qual depois ele passou a ficar meio amuado e acabou deixando inclusive a academia. Por isto tomei a resolução de nunca mais fazer o papel de Cupido, pelo menos na academia.

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