quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Onde o absurdo acontece


Esta semana vai terminando com uma sequência de eventos que em nada enobrece o Brasil. A sensação é de que a opinião pública vai para um lado, enquanto a política e a criminalidade vão de bandeia para o outro. Não bastaram as prisões de inúmeros figurões da República como exemplo, pois mais parece que se perdeu a vergonha. Os malfeitos são tantos, de norte a sul do país, que já não cabem nos noticiários. Também são sempre recorrentes, numa busca espúria de enriquecimento a qualquer preço, que extrapola a razão. Riqueza nunca comprou honradez. Nem eternidade!
Para começar a semana, o ex-vereador José Eurípedes de Souza, de Igarapava – SP, foi flagrado com R$ 1,5 milhão enterrado no quintal de sua casa. Não podemos crer que a quantidade expressiva de notas apreendidas em latas pelo Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO), de São Paulo, se destinava a semear uma plantação de dinheiro. Mais provável é que resulte mesmo de lavagem de dinheiro e agiotagem. O ex-vereador é criminoso contumaz, pois já esteve preso por esconder R$ 900,0 mil em casa, também em dinheiro, pelo esquema do “mensalinho” na Câmara de Vereadores daquela cidade.
Outros R$ 301,0 mil foram encontrados e apreendidos pela Polícia Federal, no apartamento do senhor ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), no luxuoso bairro dos Jardins, na cidade de São Paulo. O ministro da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG) e do atual presidente Michel Temer (MDB-SP) é suspeito, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), de receber mesada da JBS de R$ 350,0 mil, no período entre 2010 e 2016, em troca de atender as demandas de interesse daquele grupo junto ao governo.
Já no entorno de Brasília, na cidade de Abadiânia, em Goiás, foram apreendidos cerca de R$ 400,0 mil em moedas nacionais e estrangeiras, na propriedade do médium João que nunca foi de DEUS. As notas foram descobertas em diversos locais do quarto principal da casa, inclusive em um fundo falso de armário, junto com armas de fogo. A operação da Polícia Civil não conseguiu concluir a contagem de todo dinheiro devido à quantidade de notas de pequeno valor, que incluía dólares americanos e canadenses, libras, euros, pesos argentinos, entre outras moedas estrangeiras.
E para dinamitar ainda mais o próximo governo, do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL-RJ), não obstante ao conjunto de Leis aprovadas pela Câmara dos Deputados e Senado Federal, que constituem a chamada “PAUTA BOMBA”, sua excelência o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, em uma só canetada, impôs a obrigatoriedade de reajuste para funcionários públicos do Executivo, com impacto de mais R$ 4,7 bilhões no orçamento de 2019.
Entretanto, insatisfeito, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu, intempestivamente, conceder liminar suspendendo todas as decisões relativas à prisão em segunda instância, o que viabilizaria a imediata libertação do chefe do PETROLÃO, o ex-presidente Lula da Silva. “Um ato arbitrário, que desrespeita o colegiado do STF... de um exclusivismo inacreditável”, conforme palavras do jurista e ex-ministro Miguel Reale Junior. A liminar atendia a um pleito do minguado PCdoB, um partido que nunca demonstrou apreço com a democracia, nem com o Brasil.
Para terminar, entre muitos outros eventos, a Câmara dos Deputados acabou por implodir a Lei de Responsabilidade Fiscal ao conceder regalias para os municípios que não conseguiram fechar equilibradamente seus orçamentos. A Câmara só não conseguiu implodir a Lava Jato. No entanto, a Procuradoria Geral da República denunciou mais uma vez o presidente Michel Temer, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no inquérito dos portos. Dá para concluir, portanto, que o Brasil não precisa de mais inimigos, além dos que estão ancorados na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Os estragos feitos por eles são enormes...

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