quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Brasil ficando pior para todos

A
O endividamento do Brasil está chegando a um ponto tão crítico, que sem a realização das reformas necessárias o país acabará quebrando, da mesma forma como aconteceu com a Grécia. Mesmo assim, determinadas categorias do funcionalismo público, com forte lobby no Congresso Nacional, vêm obtendo aumentos que fogem à racionalidade, pela indiferença ante a situação. As porteiras foram abertas com a elevação do teto de salários para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Michel Temer (MDB-SP).
Não obstante as críticas, a Mesa do Senado Federal, presidida pelo senador Eunício Oliveira (MDB-CE), decidiu por aprovar aumento para os servidores daquela Casa de Leis, que recebiam o salário limitado ao teto de R$ 33,7 mil. O aumento será a partir do mês em curso, dezembro, incidindo inclusive sobre o décimo terceiro salário. E não são poucos os servidores do Senado que passarão a perceber o novo teto do funcionalismo, estipulado agora em R$ 39,2 mil por mês, porque os salários anteriores somados às gratificações superavam o teto máximo estipulado para o STF.
Esse efeito cascata irá privilegiar uma gama enorme de servidores dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, de forma que o novo governo, a ser empossado no dia primeiro de janeiro, já começará tendo de assumir vultosos encargos, que impactarão no orçamento de 2019 um montante estimado em mais de R$ 5,0 bilhões. E não bastará ao novo governo a intenção de acabar com o toma lá dá cá, pois o lobby dos servidores sempre ultrapassa aos limites do que manda o bom senso para o equilíbrio das contas públicas. Parece que a ganância não tem limites.
Outro fato de estarrecer, que também não encontra justificativa no bom senso, é o auxílio mudança, criado em 2014 para atender a senadores e deputados federais em início de mandato. O valor é de R$ 33,7 mil, podendo dobrar para R$ 67,4 mil caso o senador ou o deputado tenha sido reeleito. Não importa se o beneficiário tenha casa própria em Brasília ou esteja utilizando um apartamento funcional, de propriedade pública, que são colocados à disposição de vossas excelências parlamentares. Mais um verdadeiro absurdo que só acontece no Brasil.
Não se pode esquecer que o Brasil tem um dos parlamentos mais caros do mundo, com verbas de gabinete e auxílios acessórios que “invejariam” os legislativos dos países mais ricos que o nosso. Quem paga é a sociedade, já sacrificada pelos baixos salários e pela alta carga tributária e minguadas aposentadorias.
O descontrole das contas públicas, por sua vez, aumenta as incertezas e inibe a realização de novos investimentos, travando o crescimento do país. Com ele vem a redução da massa de salários, a elevação dos juros e dos impostos e o desemprego. É o Brasil ficando pior para todos. E o egocentrismo do setor público nunca demonstra a menor sensibilidade com isso, uma vez que está sempre voltado para a manutenção de seus próprios interesses e privilégios. E o Parlamento não se cansa de virar as costas para os eleitores.
A previsão do Tesouro Nacional é de que mesmo com as reformas a dívida pública irá continuar aumentando até o ano de 2022, quando deverá alcançar o patamar de 81% do Produto Interno Bruto. Então, cabe a sociedade organizada, do setor civil, pressionar os nossos representantes em Brasília, para que mudem o curso dessas aberrações e acabem com todos esses privilégios. O Estado tem que ser justo! Portanto, já não é mais cabível tanta imoralidade no poder público.

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