O somatório da dívida pública
brasileira ao final do último mês de maio, de acordo com o Banco Central (BC),
bateu um novo recorde ao atingir R$ 5,2 trilhões, o que corresponde a 77% do
valor de nosso Produto Interno Bruto (PIB). A elevação da dívida em um único
mês correspondeu a 1% do PIB, uma vez que em abril o montante havia chegado a
76%, o que é um valor enorme quando comparado ao endividamento dos nossos
vizinhos e ao de outros países que se encontram no mesmo estágio de
desenvolvimento.
Contudo, a maioria dos
brasileiros não tem sequer ideia de como a dívida pública inibe o
desenvolvimento do país, afetando a vida de todos. Os mais prejudicados (como
sempre) são justamente os pobres, que encontram menos oportunidades no mercado
de trabalho. Este fenômeno atinge, sobretudo, a mão de obra menos qualificada. O
principal problema é que o governo é obrigado a gastar cada vez mais dinheiro
com pagamentos de juros, o que afeta diretamente a capacidade de realizar novos
investimentos e de criar empregos.
Outro ponto importante é que
quando o governo se endivida além da capacidade de endividamento, como é o caso
atual do Brasil, os investidores passam a duvidar da capacidade do Estado em honrar
suas dívidas e começam a retirar seus recursos do País. Consequentemente, o
Risco-Brasil aumenta, o que inibe a entrada de recursos do exterior para novos investimentos.
Forma-se, então, um circulo vicioso em que todos perdem.
Atualmente a sociedade
brasileira não suporta mais qualquer aumento de imposto para equilibrar as
contas públicas, da forma como era feita até bem pouco tempo. Faltam recursos,
aumentam-se os impostos! Daí que o governo deveria fazer o seu dever de casa,
cortando gastos para equilibrar as contas. No entanto, a cada mês o déficit público
aumenta sem que sobre um único centavo de superávit primário, para o pagamento
dos juros. E não há perspectiva de que tenhamos um equilíbrio fiscal nos
próximos anos, caso não sejam efetuados os cortes necessários.
Mas, para piorar a situação, o
Congresso Nacional parece descolado da realidade, tanto ao deixar de aprovar as
reformas necessárias, como por promover uma verdadeira gastança, sem o mínimo
compromisso com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que contribui apenas com o
aprofundamento da crise.
Chama atenção a falta de
compromisso dos parlamentares com o povo. A manutenção dos privilégios de
determinadas categorias de funcionários públicos, nos três poderes da
República, é uma afronta à nação. Outra agravante são as chamadas pautas-bomba,
que sempre têm por objeto privilegiar determinados setores em detrimento da
maioria. Estão aí várias isenções tributárias como testemunhas.
Essa herança é o que podemos
chamar por “herança maldita”, que cairá no colo do próximo governo. E tudo isto
é conseqüência da irresponsabilidade fiscal dos últimos anos dos governos
petistas. Então, cabe sair das próximas eleições um governo forte e verdadeiramente
comprometido com o equilíbrio fiscal para que possamos retomar a criação de
empregos. Caso contrário o buraco será fundo demais, sem ponto de
saída.