Ao
abdicar de montar um governo técnico com pessoas capacitadas e representativas
dos vários segmentos da sociedade, da forma com fez na área econômica, o
presidente Michel Temer (MDB-SP) acabou por formar um governo medíocre, com um
quadro político extremamente fraco. Pode-se dizer, portanto, com benevolência,
que o Brasil ora é governado por um ministério de “Marun’s”, com raras
exceções, embora a pretensão inicial fosse formar uma base forte para
viabilizar as reformas estruturais necessárias, como a da previdência e a
fiscal.
Pela
experiência de um largo convívio no Congresso Nacional é óbvio que o presidente
Temer conhecia muito bem todos os seus escolhidos, principalmente os parceiros
do partido. O que ele não esperava é a enxurrada de denúncias que atingiriam o
núcleo do governo, logo início de sua gestão. O primeiro a cair foi Romero Jucá
Filho (MDB – RR), da pasta do Planejamento, Orçamento e Gestão, depois de
flagrado em diálogo com o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, dizendo
necessário “estancar a sangria” da Operação Lava Jato.
Na
sequência vieram Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), ministro do Turismo, após citado
em delação premiada por desvio de recursos; Geddel Vieira Lima (MDB-BA), por
usar o cargo para pressionar a liberação de licença de obra de seu interesse em
Salvador (BA), em oposição ao parecer contrário do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e José Serra (PSDB-SP), por denuncias
de receber dinheiro sujo de empreiteiras. Outros “figurões” permaneceram no governo,
mesmo enfraquecidos por uma saraivada de denúncias, com o apoio do presidente.
Também,
é importante lembrar que o próprio presidente Temer foi salvo por duas vezes pela
Câmara de Deputados, que impediu a abertura de processos contra ele por
supostas práticas de crimes de corrupção passiva, formação de organização
criminosa e tentativa de obstrução da justiça, após denúncias da Procuradoria
Geral da República (PGR). Não obstante a tais denúncias, não pararam de
aparecer a cada dia novas suspeições sobre ele.
Por infelicidade
o País já vinha padecendo das conseqüências da maior crise econômica de todos
os tempos, que gerou mais de 14 milhões de desempregados, herdada do governo
petista de Dilma Rousseff (PT-MG). E nada pior que um governo fraco e medíocre
substituir outro governo medíocre e fraco. Fica muito difícil mexer com o peso
da máquina administrativa do Estado em suas três esferas: legislativo,
executivo e judiciário e com o conjunto de interesses patrimonialistas que se
movem entorno do poder público.
Em um
momento em que as reformas eram essências para mudar o curso do Brasil, a fim
de gerar crescimento, emprego e renda, acabamos por postergá-las. Daí que
estaremos fadados a continuar patinado em crise até o final do governo de
Michel Temer. Oxalá os brasileiros saibam escolher a “menos pior” alternativa
do quadro atual dos candidatos à presidência da República nas eleições que se
avizinham. Uma escolha errada nesse momento poderá comprometer de forma trágica
nosso futuro.
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