Quem
acompanhou com isenção a última eleição presidencial pode observar com clareza a
forma como o Partido dos Trabalhadores (PT) utilizou o Estado como meio de se
eternizar no poder. No período pré-eleitoral, entre 2013 e todo primeiro
semestre de 2014, não foram poucas as ações do PT servindo-se da máquina
pública para promover a presidente-candidata Dilma Rousseff (PT-RS). Depois, já
no período da campanha, distribuindo o dinheiro sujo das empreiteiras, conforme
viria a ser comprovado posteriormente pela Operação Lava Jato.
Naquela
ocasião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pelo ministro Dias
Toffoli, não se furtou em fazer vista grossa às representações das oposições. O
vice-presidente do TSE à época, o ministro Gilmar Mendes, foi quem teve o
mérito de inflar seus pares ao lançar dúvidas sobre a origem dos recursos
utilizados durante as campanhas petistas. Segundo Gilmar Mendes, “ladrões de
sindicato transformaram o País em um sindicato de ladrões”, conforme dito na
sessão realizada em agosto de 2015, que aprovou a abertura do processo para
apurar as irregularidades daquela eleição.
Tal
afirmativa jogou ainda mais combustível na fogueira, alimentando o ódio da
agremiação petista e de seus aliados pelo ministro, que, aliás, sempre foi de conhecimento
público. No entanto, desde que se vislumbrou o julgamento da chapa Dilma Rousseff/Michel
Temer (PMDB-SP), por uso abusivo do poder político e econômico, observa-se uma
mudança radical na conduta jurídica do ministro Gilmar Mendes, que passou de
uma hora para outra a ser contra a cassação daquela chapa. Logicamente, depois
da ascensão de Temer à presidência da República.
Neste
aspecto, o PT tem toda razão em criticar o ministro Gilmar Mendes, pois não se
pode admitir que a cabeça de um magistrado opere com dois pesos e duas medidas.
A mesma lei foi feita para todos!
As atitudes do ministro Gilmar
Mendes têm realmente exposto, de forma muito transparente, o modus operandi das
elites que nos governam. Não das “zelites” ditas pelo ex-presidente Lula da
Silva (PT-SP), da qual também é um dos membros mais importantes, mas das elites
dos poderes constituídos: do Legislativo, do Executivo e do Judiciário.
Não são
poucos os agentes públicos que estão muito mais focados em defender os seus
próprios interesses ou de grupos, enquanto deveriam zelar pelo cumprimento das
leis em favor do Brasil e dos seus cidadãos. Isto é o que o historiador Sérgio
Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", nominou de Estado “patrimonialista”, onde os governantes não
distinguem os limites entre os bens públicos e privados, gerando um grande
entrave à evolução econômica e social do País. O Estado patrimonialista é
também o principal alimento das nossas crises.
Hoje,
quando a população brasileira em sua maioria clama por mudanças, constata-se
que é uma minoria que ainda insiste em colocar o Brasil em segundo plano. Por
louvor, então, não se pode deixar de destacar a atuação do ministro Herman
Benjamim, no TSE, durante o julgamento da ação contra a chapa Dilma/Temer.
Posicionamentos como os dele é que enchem o coração de muitos brasileiros de
esperança.
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