Com o
desenrolar da Operação Lava Jato, evidencia-se agora, de forma clara, os
motivos que levaram as principais lideranças do Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) a abdicarem de um projeto para o Brasil, em troca de atrelarem-se
aos governos de plantão como coadjuvantes. Tais motivos não são nada nobres,
nem republicanos, pois passam a léguas de “garantir a governabilidade”, como
sempre dito. Na realidade eles estão muito mais para a prostituição explícita,
por não se avexarem em usar o Estado em proveito próprio para o enriquecimento
desenfreado e ilícito.
Assim,
o PMDB acabou por abdicar de qualquer princípio ideológico que o unificasse.
Dividiu-se em dois grupos independentes: um na Câmara dos Deputados e outro no
Senado Federal. Até ascender à Presidência da República o presidente Michel
Temer (SP) exerceu de fato a liderança dos peemedebistas na Câmara dos
Deputados, sempre com o apoio de outros expoentes do partido, tais como os
ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Viera Lima (BA) e Henrique Eduardo
Alves (RN), todos eles afastados do governo por malfeitos.
Já no
Senado Federal, a cúpula do partido habituou-se a trabalhar com mais unidade e
discrição, para obter os cargos mais vantajosos. Nela transitam “suas
excelências” Renan Calheiros (AL), Roberto Requião (PR), Edson Lobão (MA),
Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (PP), Eduardo Braga (AM) e o atual presidente
do Senado Federal Eunício Oliveira (CE), entre outros. O ex-presidente José Sarney,
embora sem mandato, continua a atuar às margens do plenário, não obstante às
suas polpudas aposentadorias.
Nos
últimos anos muitos outros partidos foram criados com essas mesmas finalidades,
inclusive incentivados pelo governo, como é o caso do Partido Social
Democrático (PSD) de Gilberto Kassab (SP). Além das benesses do poder, tem
também o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, o
chamado Fundo Partidário, e o tempo de televisão sempre pronto para entrar na
mesa das negociatas.
Então,
até que tenha assumido à Presidência da República é muito difícil que o
presidente Michel Temer possa ter sido o chefe “da maior organização criminosa
deste país”, conforme afirmou o acionista majoritário do grupo J&F Joesley
Batista em entrevista a uma grande revista de circulação nacional. No máximo
ele pode ter sido um chefe de gangue, com atuação exclusiva na Câmara dos
Deputados. Uma prova disso é que o senador Renan Calheiros nunca deixou que
influência do agora presidente chegasse à porta do Senado Federal.
Outro
ponto importante, que merece ser profundamente investigado, é que em 2005,
ainda no governo de Lula da Silva (PT-SP), o grupo J&F tinha um faturamento
na ordem de R$ 4,0 bilhões anuais. Em 2016, o faturamento da J&F chegou a
R$ 183,0 bilhões, pelos inúmeros empréstimos concedidos por instituições
financeiras estatais, como o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), não interrompidos durante o mandato de Dilma Rousseff (PT-RS).
Então, se existe um chefe
supremo da máfia que dominou o Brasil este não pode ser o bandido-presidente
Michel Temer, mas alguém que se encontra oculto, longe das provas que possam
incriminá-lo. Isto comprova que o que Joesley Batista evita dizer, na realidade diz muita coisa.
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