sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Viajando na corda bamba

Pesquisa recente realizada pelo Instituto Paraná, com amostra extraída em 26 estados e no Distrito Federal, no período entre os últimos dias 12 e 15 de fevereiro, indica que para 26,9% dos brasileiros a situação do país piorou. Quando a avaliação é sobre a administração do presidente Michel Temer (PMDB-SP), apenas 1,2% dos entrevistados consideraram a administração como ótima; 11,2% a consideraram como boa, contra 35,5% ruim e 49,8 % péssima.
A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria – CNI/IBOPE, realizada ao final do ano passado, já apontava a tendência de queda na avaliação do governo, quando o percentual de ruim e péssimo chegou à casa de 46% dos entrevistados. Na mesma pesquisa, o índice de aprovação foi bem similar ao apontado pelo Instituto Paraná, quando somente 13,0% dos entrevistados aprovavam o governo Temer, considerando-o como ótimo ou bom.
Pode-se inferir de ambas as pesquisas, que o desdobramento da Operação Lava Jato e a composição dos ministérios do governo peemedebista, com políticos citados nas delações premiadas, têm atingido diretamente o coração do governo.  A promessa inicial era a de que seria montada uma equipe de ministros de reconhecida capacidade técnica - “notáveis”, conforme palavras do presidente. O que prevaleceu, no entanto, foi o velho toma lá dá cá, com as mesmas raposas políticas.
Outro ponto que influencia na avaliação negativa do governo é a percepção de que a corrupção no Brasil tem aumentado. Casos como o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de sua quadrilha, só recentemente chegaram ao conhecimento público. Os valores desviados foram enormes: diversas contas bancárias espalhadas em paraísos fiscais, mansão na praia de Mangaratiba (RJ), jóias, diamantes e outras pedras preciosas, iate, lancha...
É evidente, também, que grande parte da população brasileira considera a crise atual como problema do governo Temer, sem conecta- la à verdadeira origem, que remete a falta de zelo na condução da política fiscal no período de governos lulopetista.
Infelizmente, quando há um desarranjo vultoso na economia, como no período que precedeu ao atual governo, não se conserta os estragos da noite para o dia. Nessa lógica, a equipe econômica do presidente Michel Temer tem trabalhado e demonstrado resultados. A queda da inflação é um excelente sinal. Mas, por outro lado, o momento atual exige reformas, que são impopulares.
A adoção de medidas econômicas populistas, para melhorar a avaliação da gestão, tal como anunciada pelo ministro Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, será apenas mais uma ação paliativa. O que tem ferido o governo de morte, além do enunciado acima, são as iniciativas da base parlamentar para sufocar a Operação Lava Jato, assim como a manutenção das mordomias e privilégios de determinadas castas do serviço público. E, com as redes sociais, não há mais tolos que não observem esses fatos.

Em razão dessa dissintonia com a opinião pública, os principais movimentos da sociedade organizada - os verdes e amarelos: Movimento Brasil Livre, Vem pra Rua, Revoltados Online, Nas Ruas, entre outros - já marcaram para o próximo dia 26 de março uma nova manifestação pública de caráter nacional. Tal ato pode custar o aumento na impopularidade do governo, por até aqui não escutar o clamor das ruas.

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