No dia 2 de outubro de 2009, na sede do Comitê
Olímpico Internacional (COI) em Copenhague –Dinamarca, na cerimônia de escolha
da cidade que sediaria as Olimpíadas de Verão e os Jogos Paralímpicos de 2016,
autoridades brasileiras de alta patente comemoraram efusivamente quando Thomas
Bach anunciou a escolha do Rio de Janeiro. Em um instante a “vitória”
transformou-se em festa, com abraços, pulos e gritarias, como se estivéssemos
resolvendo os problemas do mundo.
Naquela ocasião, o governo do ex-presidente Lula da
Silva (PT-SP) já vislumbrava outros dois megaeventos: a XXVIII Jornada Mundial
da Juventude, realizada ao final de julho de 2013, e a Copa do Mundo FIFA de
2014. Esta última com muito mais encargos, que deveriam servir como
legado à população, tais como melhoria dos aeroportos, da mobilidade urbana, da
segurança pública, ... Os 12 estádios a construir ou reformar, para cada uma
das sedes escolhidas, obedeceriam ao padrão FIFA.
Nenhum governo racional, competente, se atreveria a
assumir compromissos de tais magnitudes em um intervalo de tempo tão curto. O
do Brasil, no entanto, levado pelo delírio, ufanismo e crescimento na rabeira
do mundo, na contramão, aceitou tais desafios. O resultado é que para trás
ficaram inúmeros elefantes brancos, obras não concluídas e outras sequer
iniciadas. Mas, ao custo de bilhões e bilhões de reais, realizou-se a festança,
com superfaturamentos por todas as regiões do país.
A realidade, que é implacável, não suporta ofuscar-se
pelos delírios midiáticos e populistas. Por isto, nunca tarda a chegar. Desta
vez, chegou rápido! Logo depois da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff,
ao final de 2014. Naquele final de ano já não foi mais possível esconder da
população a real situação da economia. A crise se aflorou tal como uma
“marolinha”, pronta para formar o tsunami.
Hoje, todo o país vem sofrendo as conseqüências da
falta de zelo de vários governos com a economia. A exceção se resume a alguns
setores do funcionalismo público, que ainda são movidos pelo corporativismo e
continuam a navegar em céu de brigadeiro. As empresas e os trabalhadores em
geral, entretanto, são os mais afetados, o que tem repercutido diretamente nas
receitas da União, dos estados e dos municípios. Somente o setor da indústria
amargou uma queda de 19,1% nos últimos três anos, enquanto os indicadores
oficiais apontam mais de 12,3 milhões de desempregados.
“Como nunca antes na história deste país”, vivenciamos
uma crise dessa dimensão. Porém, na economia já se observa uma luz adiante, em
razão dos ajustes que estão sendo realizados. Nesta hora há que separar o joio
do trigo: os que trabalham em função dos acertos do país, daqueles que querem a
manutenção dos privilégios.
Particularizando, no estado do Espírito Santo, que de
norte a sul ora vivencia um verdadeiro caos na segurança pública, o setor da
saúde não deixa de ser um exemplo, principalmente no que diz respeito aos
hospitais filantrópicos. Estes não têm aumento há mais de 10 anos, mesmo assim
continuam a atender à população, embora no início de 2015 tenham sofrido um
corte de 20% em suas verbas.
Se a crise atual tem como raiz a prevalência dos
interesses espúrios, mesquinhos, a saída está na reorganização do Estado, de modo
a valorizar a res publica,
em benefício de todos.
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