quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Lobos com fantasias de cordeiros

No início do mês de março de 2013, na cidade de João Pessoa – Paraíba, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS) anunciou em alto e bom som: podemos fazer o diabo quando é hora de eleição. Naquela ocasião, ela percorria o Brasil em sua pré-campanha para as eleições de 2014, mesmo vedada por lei. E, sem qualquer escrúpulo, assim foi feito! A ex-presidente passou a vender aos brasileiros um país sem problemas, em consonância com o projeto lulopetista de não deixar o poder.
Ainda em 2013 a ex-presidente utilizou-se de uma cadeia nacional de rádio e televisão, em horário nobre, para comunicar a redução nas contas de energia elétrica. O desconto médio para os consumidores residenciais foi anunciado em 20,2%; o mínimo, na ordem de 18,0%. Para os consumidores de alta tensão, o governo fixou uma redução de 32,0%. A variação dos descontos ficava atrelada à antecipação da renovação dos contratos com as concessionárias de transmissão e geração de energia.
Passadas as eleições de 2014, não tardou para que os consumidores fossem surpreendidos, naquele mesmo ano, pelo aumento médio nas tarifas de 17,06%. Em 2015, para corrigir o déficit gerado pela defasagem nos preços das geradoras e fazer frente a necessidade de utilização de usinas termoelétricas, pelo período de seca, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL - autorizou aumentos superiores a 50%. Isto não só anulou os descontos anteriormente concedidos, como provocou aumentos reais nas tarifas da energia, em todo Brasil.
Agora, no início de 2017, mesmo depois dos pesados reajustes aprovados pela ANEEL em 2015, novamente o consumidor é surpreendido pelo anúncio de um novo aumento. A justificativa é a de indenizar as empresas transmissoras, no montante de R$ 62,2 bilhões, pelos prejuízos acumulados após a decisão presidencial de 2013, certamente movida pelo diabo para ganhar as eleições de 2014.
Quem irá arcar com mais essa fatura, é lógico, mais uma vez será o consumidor final. O aumento médio previsto para as transmissoras será na ordem de 7,17%. A previsão é de um novo aumento real para todos os consumidores finais, que se estenderá do próximo mês de julho até o ano de 2025. 
Nada pior na direção da economia que a intromissão exacerbada e incompetente dos governos sobre os agentes que regulam os preços do mercado. Forma-se uma panela de pressão pronta para explodir uma crise! E, pior ainda, quando a intromissão é associada a interesses mesquinhos e à corrupção.
No entanto, os mesmos que levaram o Brasil à atual crise agora se fantasiam de “santos”, como faz a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao dizer que o PT não foge ao dever de apontar saídas para crise econômica e social que se abate sobre o Brasil, uma vez que nós temos propostas, até porque já governamos este país e sabemos o que é preciso oferecer... Como se vê, os mesmos que levaram o país para o fundo do poço voltam-se agora como os salvadores da pátria.
Então, que cada brasileiro fique muito atento, pois há muito político solto vendendo gato por lebre.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Viajando na corda bamba

Pesquisa recente realizada pelo Instituto Paraná, com amostra extraída em 26 estados e no Distrito Federal, no período entre os últimos dias 12 e 15 de fevereiro, indica que para 26,9% dos brasileiros a situação do país piorou. Quando a avaliação é sobre a administração do presidente Michel Temer (PMDB-SP), apenas 1,2% dos entrevistados consideraram a administração como ótima; 11,2% a consideraram como boa, contra 35,5% ruim e 49,8 % péssima.
A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria – CNI/IBOPE, realizada ao final do ano passado, já apontava a tendência de queda na avaliação do governo, quando o percentual de ruim e péssimo chegou à casa de 46% dos entrevistados. Na mesma pesquisa, o índice de aprovação foi bem similar ao apontado pelo Instituto Paraná, quando somente 13,0% dos entrevistados aprovavam o governo Temer, considerando-o como ótimo ou bom.
Pode-se inferir de ambas as pesquisas, que o desdobramento da Operação Lava Jato e a composição dos ministérios do governo peemedebista, com políticos citados nas delações premiadas, têm atingido diretamente o coração do governo.  A promessa inicial era a de que seria montada uma equipe de ministros de reconhecida capacidade técnica - “notáveis”, conforme palavras do presidente. O que prevaleceu, no entanto, foi o velho toma lá dá cá, com as mesmas raposas políticas.
Outro ponto que influencia na avaliação negativa do governo é a percepção de que a corrupção no Brasil tem aumentado. Casos como o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de sua quadrilha, só recentemente chegaram ao conhecimento público. Os valores desviados foram enormes: diversas contas bancárias espalhadas em paraísos fiscais, mansão na praia de Mangaratiba (RJ), jóias, diamantes e outras pedras preciosas, iate, lancha...
É evidente, também, que grande parte da população brasileira considera a crise atual como problema do governo Temer, sem conecta- la à verdadeira origem, que remete a falta de zelo na condução da política fiscal no período de governos lulopetista.
Infelizmente, quando há um desarranjo vultoso na economia, como no período que precedeu ao atual governo, não se conserta os estragos da noite para o dia. Nessa lógica, a equipe econômica do presidente Michel Temer tem trabalhado e demonstrado resultados. A queda da inflação é um excelente sinal. Mas, por outro lado, o momento atual exige reformas, que são impopulares.
A adoção de medidas econômicas populistas, para melhorar a avaliação da gestão, tal como anunciada pelo ministro Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, será apenas mais uma ação paliativa. O que tem ferido o governo de morte, além do enunciado acima, são as iniciativas da base parlamentar para sufocar a Operação Lava Jato, assim como a manutenção das mordomias e privilégios de determinadas castas do serviço público. E, com as redes sociais, não há mais tolos que não observem esses fatos.

Em razão dessa dissintonia com a opinião pública, os principais movimentos da sociedade organizada - os verdes e amarelos: Movimento Brasil Livre, Vem pra Rua, Revoltados Online, Nas Ruas, entre outros - já marcaram para o próximo dia 26 de março uma nova manifestação pública de caráter nacional. Tal ato pode custar o aumento na impopularidade do governo, por até aqui não escutar o clamor das ruas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Da festança ao pesadelo


No dia 2 de outubro de 2009, na sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Copenhague –Dinamarca, na cerimônia de escolha da cidade que sediaria as Olimpíadas de Verão e os Jogos Paralímpicos de 2016, autoridades brasileiras de alta patente comemoraram efusivamente quando Thomas Bach anunciou a escolha do Rio de Janeiro. Em um instante a “vitória” transformou-se em festa, com abraços, pulos e gritarias, como se estivéssemos resolvendo os problemas do mundo.
Naquela ocasião, o governo do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP) já vislumbrava outros dois megaeventos: a XXVIII Jornada Mundial da Juventude, realizada ao final de julho de 2013, e a Copa do Mundo FIFA de 2014.  Esta última com muito mais encargos, que deveriam servir como legado à população, tais como melhoria dos aeroportos, da mobilidade urbana, da segurança pública, ... Os 12 estádios a construir ou reformar, para cada uma das sedes escolhidas, obedeceriam ao padrão FIFA.
Nenhum governo racional, competente, se atreveria a assumir compromissos de tais magnitudes em um intervalo de tempo tão curto. O do Brasil, no entanto, levado pelo delírio, ufanismo e crescimento na rabeira do mundo, na contramão, aceitou tais desafios. O resultado é que para trás ficaram inúmeros elefantes brancos, obras não concluídas e outras sequer iniciadas. Mas, ao custo de bilhões e bilhões de reais, realizou-se a festança, com superfaturamentos por todas as regiões do país.
A realidade, que é implacável, não suporta ofuscar-se pelos delírios midiáticos e populistas. Por isto, nunca tarda a chegar. Desta vez, chegou rápido! Logo depois da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, ao final de 2014. Naquele final de ano já não foi mais possível esconder da população a real situação da economia. A crise se aflorou tal como uma “marolinha”, pronta para formar o tsunami.
Hoje, todo o país vem sofrendo as conseqüências da falta de zelo de vários governos com a economia. A exceção se resume a alguns setores do funcionalismo público, que ainda são movidos pelo corporativismo e continuam a navegar em céu de brigadeiro. As empresas e os trabalhadores em geral, entretanto, são os mais afetados, o que tem repercutido diretamente nas receitas da União, dos estados e dos municípios. Somente o setor da indústria amargou uma queda de 19,1% nos últimos três anos, enquanto os indicadores oficiais apontam mais de 12,3 milhões de desempregados.
“Como nunca antes na história deste país”, vivenciamos uma crise dessa dimensão. Porém, na economia já se observa uma luz adiante, em razão dos ajustes que estão sendo realizados. Nesta hora há que separar o joio do trigo: os que trabalham em função dos acertos do país, daqueles que querem a manutenção dos privilégios.
Particularizando, no estado do Espírito Santo, que de norte a sul ora vivencia um verdadeiro caos na segurança pública, o setor da saúde não deixa de ser um exemplo, principalmente no que diz respeito aos hospitais filantrópicos. Estes não têm aumento há mais de 10 anos, mesmo assim continuam a atender à população, embora no início de 2015 tenham sofrido um corte de 20% em suas verbas.
Se a crise atual tem como raiz a prevalência dos interesses espúrios, mesquinhos, a saída está na reorganização do Estado, de modo a valorizar a res publica, em benefício de todos.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Desemprego: síntese do desgoverno petista

Resultado de imagem para Desemprego e injustiça social
A quantidade de brasileiros que está em busca de emprego alcançou o montante de 12,3 milhões de pessoas ao final de 2016, conforme dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o maior número da série histórica, iniciada em 2012, quando o IBGE passou a excluir os subempregos e os que recebem benefícios sociais, como o Bolsa Família, ao introduzir essa nova metodologia.
Se fossem computados todos os que estão na informalidade ou sem procurar o mercado de trabalho, certamente também teríamos um novo recorde histórico no número de desempregados, pois ora esse grupo soma mais de 11,0 milhões de pessoas, o que daria mais de 23,0 milhões de brasileiros sem emprego.
Só no ano passado foram fechados 3,2 milhões de postos de trabalho formal (com carteira assinada), afetando todas as regiões do país. Por esta razão, a massa de salarial bruta diminuiu, considerando a média anual, em R$ 6,5 bilhões ao mês, o que corresponde a uma queda de 2.3% no ano de 2016, em relação a 2015, de acordo com o IBGE.
O setor até aqui mais afetado pela crise é o da indústria. Nos últimos três anos a produção industrial brasileira despencou 19,1%, gerando a perda de milhares de postos de trabalho neste setor, que é um dos que tradicionalmente apresenta melhor remuneração na área privada. Em 2016, somente na construção civil foram suprimidos quase 900 mil postos de trabalho.
Enquanto as empresas e os trabalhadores do setor privado vão amargando pesadas perdas, que refletem diretamente na arrecadação do Tesouro Nacional, diversas categorias de servidores públicos ainda obtêm ganhos reais de salário, não obstante a crise. Vale lembrar que durante a gestão lulopetista a média dos salários dos servidores públicos subiu três vezes mais que a do setor privado.
Aliás, quando se compara os salários e as aposentarias entre ambos os setores, os governos sempre procuram sair pela tangente. Da mesma forma procedem quando são questionadas determinadas mordomias, que só proliferam nos serviços públicos, tais como auxílio moradia, longos períodos de recesso das atividades, licenças prêmios, entre outras escandalosas vantagens que sangram ilimitadamente o erário, sem considerar o cenário de recessão aguda.  
Portanto, se o nosso país chegou a atual situação (desemprego, rombos nas contas públicas, pagamento vultosos de juros e endividamento descontrolado das contas públicas – recordes históricos) não foi ao acaso, mas levado pela ambição desmedida e descaso com a maioria da população. Daí essa maioria estar no sacrifício, enquanto uma minoria ainda se regozija a expensas do erário público.
Espera-se que o novo relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro paranaense Edson Fachin, dê continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo então ministro Teori Zavascki, morto no último dia 19 de janeiro em um acidente aéreo. O que o Brasil precisa é de moralizar as suas instituições, em benefício de todos os seus cidadãos. Assim procederam no passado os países com elevado grau de desenvolvimento social e humano. Só com seriedade e comprometimento teremos um país melhor para todos, sem esse número exagerado de desempregados.