A Venezuela,
um dos maiores produtores de petróleo no mundo, chegou ao fundo do poço, depois
de 17 anos de governos “bolivarianistas”, ou socialismo do século XXI, conforme
gostava de nominar o ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013) ao sistema de
governo introduzido por ele em 1999. Carismático e populista, antes de falecer
prematuramente, em 2013, escolheu a dedo como sucessor o seu vice-presidente e
um dos mais fieis escudeiros: o sindicalista Nicolás Maduro.
Enquanto o
preço do petróleo transitava lá em cima, nas nuvens, os socialistas
bolivarianos vangloriavam-se em reduzir a pobreza na Venezuela, de 50% para
pouco mais de 25% da população. O sucesso do governo era sempre atribuído a
“competência” de Hugo Chávez e ao sistema. Assim, a bonança no valor das
commodities foi sendo negligenciada como se fosse eterna, ao mesmo tempo em que
o mercado tornava-se secundário frente ao Estado.
Com a
alteração do humor no mercado mundial os preços das commodities despencaram, e
da noite para o dia a Venezuela passou a enfrentar uma nova realidade: falta de
alimentos, de produtos de higiene e limpeza, de medicamentos, de energia
elétrica, entre tantos outros itens básicos. Paralelamente a inflação disparou,
diminuindo o poder de compra da população, principalmente dos mais pobres.
Para atenuar
essa situação, no último dia 7 de janeiro o presidente Nicolás Maduro concedeu
um novo aumento para o salário mínimo (SM), na ordem de 50%. Isto elevou o
salário mínimo na Venezuela para 40.638 bolívares, o que equivale a aproximadamente
12 dólares ou cerca de R$ 38,00.
Os problemas
políticos, sociais e econômicos da Venezuela, segundo Nicolás Maduro e seus
partidários, são decorrentes da “ganância dos empresários”, da “ultra-direita
oposicionista”, da “elite golpista”, da imprensa - nos últimos anos a imprensa
livre e independente foi severamente tolhida - entre tantos outros jargões
conhecidos dos brasileiros.
Não obstante
à crise, os venezuelanos ainda perderam o direito de escolher seus governantes,
ao ver esgotar a possibilidade de um plebiscito revogatório – princípio
Constitucional adotado na Venezuela, que dá ao povo o poder de trocar o
governante. E a Casa do Povo, o Congresso, foi colocada à margem do poder, tal
como se não existisse, enquanto a Suprema Corte totalmente aparelhada por
“chavistas”.
Desta forma,
Maduro se impõe cada vez mais como um ditador radical, perseguindo tenazmente
seus opositores, inclusive mantendo dezenas de presos políticos. Esta semana,
para inibir ainda mais a oposição, acabou por criar um “Comitê de Defesa da
Revolução”, ao modelo de Cuba, para intensificar a repressão aos seus
desafetos.
Independente
das riquezas da Venezuela, o país vai se tornando um dos mais pobres e de maior
violência no mundo. Segundo o Observatório Venezuelano da Violência, no ano
passado foram contabilizados 28.479 homicídios - uma morte violenta a cada 18
minutos. A pensar que este é o país que “tem democracia em excesso”, conforme
afirmação de nosso ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), há que questionar: - Em
que mundo estamos?
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