O ano de 2017 começou com mais de 12,1
milhões de brasileiros desempregados, de acordo com a última Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao final do ano passado. Tal
número, entretanto, reflete apenas a quantidade de pessoas que estavam em busca
de emprego nos últimos 30 dias antes da pesquisa, pelos critérios utilizados na
estatística oficial, iniciada em 2012 durante o governo do PT.
A metodologia da PNAD Contínua não considera
como desempregados os que recebem o Bolsa Família ou o Seguro Desemprego, por
considerar que esses beneficiários dos programas sociais do governo estão no
grupo dos chamados “desalentados”. Pelo IBGE o grupo dos “desalentados” é
aquele cujas pessoas perderam o emprego e desistiram de procurar uma nova
colocação, mesmo que temporariamente. Outro absurdo é que o subemprego também
não é computado, nem que a pessoa tenha trabalhado apenas um dia no mês,
recebendo por isto uma ínfima quantia.
É fácil de concluir, portanto, que os dados
da PNAD Contínua não refletem a realidade, pois se trata de uma metodologia que
mascara, escancaradamente, o verdadeiro número de brasileiros que se encontram
desempregados. O próprio IBGE reconhece que até o mês de outubro havia no
Brasil pelo menos 22,7 milhões de pessoas em idade produtiva, mas que estavam
sem trabalho ou subempregadas, devido à recessão que vem encolhendo há tempo a
nossa economia.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e
Aplicada (IPEA), os mais atingidos pelo desemprego são os jovens na faixa
etária entre 14 e 24 anos. Nessa faixa
etária o desemprego já ultrapassa a 28%. Outro grupo igualmente afetado é o dos
trabalhadores com ensino médio incompleto, ao qual chega à casa dos 22%. E em
todas as faixas etárias o desemprego deverá continuar subindo, pelo menos até o
final do primeiro semestre deste ano, de acordo com previsão de renomados
analistas.
A equipe econômica do governo de transição do
presidente Michel Temer (PMDB-SP) tem tomado as medidas possíveis, de modo a
conter a sangria do crescimento dos gastos públicos e viabilizar a retomada do
crescimento econômico. Contudo, não há mágica quando se trata de economia. Os
resultados não são imediatos, principalmente quando se vivencia uma crise tão
profunda, como a legada pelos governos petistas após 13 anos e alguns meses no
poder.
A crise atual é tão profunda e perversa para
o trabalhador brasileiro que os salários médios reais no país vêm caindo, mês a
mês, aceleradamente. No ano de 2015 a média dos salários reais caiu 3,7%,
enquanto em 2016 a previsão é de 6,2% de queda, de acordo com estudos da
Organização Internacional do Trabalho (OIT). A previsão para 2017 também não é
em nada diferente, pois dificilmente haverá qualquer recuperação no valor real
dos salários.
Espera-se que desta crise fique o ensinamento
básico de que nenhum governo deve gastar além do que arrecada. No passado
recente a Lei de Responsabilidade Fiscal, introduzida na gestão do ministro da
Fazenda Pedro Malan, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP),
foi um bom exemplo. Neste sentido, deveríamos continuar avançando, mas
retrocedemos. E muito! O grande problema a ser evitado são os políticos
populistas, que não sobrevivem sem a gastança e a demagogia.
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