Segundo a agência de classificação de risco Austin Rating, o
Brasil ocupa a última colocação de um grupo de 39 países que já divulgaram seus
resultados oficiais relativos ao crescimento econômico no terceiro trimestre.
Esse grupo de países soma 83% do PIB mundial. Deste modo, conseguimos
apresentar desempenho ainda pior ao dos países que até há bem pouco tempo enfrentavam
crises bastante robustas, tais como a Grécia, Espanha, Rússia e Ucrânia.
A tendência de queda no PIB aponta para uma situação nada
animadora também para o último trimestre. Fatalmente chegaremos a uma situação
ainda pior, depois de dois anos seguidos de forte recessão. Um dos indicadores
que permite tal avaliação é a taxa de investimentos, que no terceiro trimestre
deste ano foi de 16,5% do PIB, contra 18,2% no mesmo trimestre do ano passado,
o pior nível de investimento apurado pelo IBGE nos últimos 13 anos.
Este quadro sombrio não resulta diretamente de qualquer crise
externa, mas reflete de forma inexorável a falta de zelo dos nossos últimos
governos com a política fiscal do país, pois gastamos muito além do que
podíamos e agora temos que pagar a conta. Claro! Como a corda sempre rompe do
lado do mais fraco, a classe mais penalizada é a dos trabalhadores, que ora
enfrenta a realidade do desemprego.
Para reverter o atual quadro, espera-se que ainda este mês o
Senado Federal aprove, em segunda votação, e o presidente Temer sancione, a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o teto dos gastos públicos,
mesmo com a oposição raivosa dos que levaram o Brasil à atual situação. Mas, outras
medidas ainda serão necessárias, tão duras como a reforma da previdência, o que
evidencia que levará um bom tempo para que o Brasil seja realinhado nos
trilhos.
Os obstáculos são muitos e envolvem os três poderes da República com
suas mazelas, tal como o corporativismo. O crescimento econômico
sustentado e duradouro não prescinde de boas expectativas, de confiabilidade e
de boas práticas políticas. Neste sentido, a desfiguração pela Câmara dos
Deputados, na calada da noite, das 10 medidas propostas para combater a
corrupção – que teve o aval com a assinatura de 2,0 milhões de brasileiros - é
uma verdadeira bomba atômica no coração do Brasil.
Sorte é que não temos inimigos externos. Nosso infortúnio encontra-se
aqui mesmo: os inimigos internos, com toda a sua prepotência, mesquinhez
e ambição desmedida. Não por outro motivo é difícil consumar qualquer mudança,
uma vez que o que é bom para eles sempre é péssimo para o Brasil,
irremediavelmente.
ARTE: Fausto - Portal da Consciência Política.
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