Com o fim da
era lulopetista no último dia 31 de agosto, quando o Senado Federal sacramentou
o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS), o
Brasil acordou do pesadelo que jogou a nação na mais profunda crise econômica,
ética e política. Na esfera do poder Executivo, o problema mais grave é a
desarrumação da economia, que necessita de medidas urgentes para reversão do
atual quadro que afeta diretamente a vida de todos os brasileiros.
Entre as
adversidades mais graves a serem enfrentadas pela equipe econômica sob o
comando do ministro Henrique Meireles está o desemprego. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no encerramento do mês de agosto,
o Brasil contava com mais de 12 milhões de desempregados, o que é o pior
resultado desde que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad
Contínua) foi iniciada no ano de 2012, pelo IBGE.
No período
de um ano, na comparação do trimestre encerrado em agosto último com o do ano
passado, houve um aumento de 36,6% no desemprego, o que equivale a 3,22 milhões
a mais de pessoas buscando emprego no mercado de trabalho. E a perspectiva para
os próximos meses é de que o desemprego continue crescendo, enquanto a renda
média real do trabalhador a diminuir. No mesmo trimestre encerrado em agosto a
renda média real diminuiu em 1,7% com relação ao mesmo período ano anterior.
A questão do
desemprego só será revertida quando melhorarem as perspectivas do equilíbrio
fiscal, pelo menos a médio prazo. Todavia, a dívida bruta do setor público
brasileiro continua avançando. No encerramento de agosto ela alcançou R$ 4,272
trilhões, o que corresponde a 70,1% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), novo
recorde da série histórica, conforme relatório do Banco Central (BC). A
previsão do BC é de que a dívida bruta ao final de dezembro do corrente ano
alcance o montante de 73,0% do PIB.
O aumento da
dívida pública expressa de forma clara e transparente a falta de zelo do
governo deposto com a Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101,
de 4 de maio de 2000. Tal lei, até então, constituía uma das principais âncoras
para a manutenção da estabilidade da economia brasileira, da forma como
vivenciada na década passada.
Mas, ainda
no derradeiro agosto da ex-presidente Dilma Rousseff, o Brasil teve uma das
piores arrecadações de impostos e contribuições, que somaram apenas R$ 91,81
bilhões, insuficiente para cobrir sequer as despesas correntes do governo. Isto
elevou o déficit primário (não consideradas as despesas com pagamento de juros)
acumulado no ano, de janeiro a agosto, para R$ 71,42 bilhões. Este é o maior
déficit primário em toda série histórica, quando iniciada em janeiro de1997.
Entretanto,
a tomada das medidas necessárias, que imperativamente serão duras para os
trabalhadores, vêm sendo proteladas pelo Legislativo, em função das eleições
municipais. Lamentavelmente, os políticos adoram privilégios e gastança, mas,
por falta grandeza (ou covardia?), sempre resistem às deliberações mais duras,
mesmo quando absolutamente necessárias, para livrarem-se de possíveis
impopularidades. A desgraça pode valer-se para a nação, nunca para eles!
No âmbito do
Judiciário continuarão as operações relativas à Operação
Lava-Jato, que vão desvendando a roubalheira instalada pelo crime organizado em
Brasília, sem precedente em nossa história. Oxalá depois da Lava-Jato o Brasil também
possa avançar no aspecto ético, inibindo a impunidade? Mas, de uma coisa
podemos ter certeza: a dimensão da crise brasileira é enorme e demandará muito
trabalho e tempo para alcançarmos um novo ciclo de prosperidade.
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