quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Brasil corrupto no tempo da microcefalia.

Segundo estudos da organização não governamental (ONG) Transparência Internacional, divulgados na última terça-feira na Alemanha, o Brasil caiu sete posições no ranking que mede a percepção da corrupção no sistema público. No estudo anterior, de 2014, ocupávamos a 69ª colocação, com 43 pontos, em um grupo de 175 países. Em 2015, caímos para 76ª posição, com 38 pontos, em um grupo de 168 países. A escala de avaliação varia de 0 a 100: quanto menor a pontuação, maior a percepção da corrupção.
Pesquisa recente realizada pelo Instituto de Pesquisa Datafolha ao final do ano passado, em âmbito nacional, apontou que 34% dos brasileiros consideram a corrupção como o maior problema do Brasil. A saúde obteve 16%, o desemprego 10%, enquanto a educação e a segurança pública obtiveram iguais 8%. Pela série histórica da pesquisa Datafolha, iniciada em 1996, esta foi a primeira vez que a corrupção superou problemas tradicionais, tais como saúde e desemprego.
Portanto, os estudos da Transparência Internacional são coincidentes com a pesquisa Datafolha, ao constatar o aumento na percepção da corrupção. Segundo Alejandro Salas, diretor regional para as Américas da Transparência, “desde o MENSALÃO a corrupção entrou na agenda pública do país”. Porém, com o PETROLÃO e as investigações da Operação Lava Jato ganhou nova dimensão. Tanto é assim, que além de piorar a pontuação e a posição no ranking, também contribuiu para que o Brasil registrasse o maior avanço na corrupção, entre os países observados em 2015.
Segundo Salas, o “que preocupa é que no Brasil não se trata de um político fazendo algo sujo individualmente; a corrupção é crime organizado”. E claro, envolve muitos políticos, agentes públicos e empresários, que se apropriam do Estado, sem o mínimo pudor, para o enriquecimento ilícito e manutenção de um projeto de poder. Daí o aparelhamento do Estado e a vontade de calar a imprensa independente, para fazer valer as versões “oficiais” ou do partido junto à opinião pública.
Os recentes ataques e tentativas de colocar sob suspeição o juiz Sérgio Moro e a Justiça, da forma organizada pelo PT e seus aliados, advogados das grandes empresas envolvidas na Lava-Jato e governo, nada mais é que parte dessa estratégia.  Felizmente, as decisões do juiz Sérgio Moro - baseadas na apuração consistente dos dados e na obtenção de provas robustas pela Polícia Federal e Ministério Público - vêm até aqui sendo mantidas quase que integralmente pelas instâncias superiores.
Tais fatos desmistificam a afirmação do governo e do PT de que “agora a corrupção aparece porque o governo investiga”, como forma de justificar o aumento da percepção da corrupção. Primeiro: não é o Executivo quem investiga, mas a Polícia Federal e o Ministério Público, que são órgãos independentes, com autonomia, tal qual a Justiça. Segundo: fosse assim o governo e o PT não estariam tão preocupados em esconder tanta sujeira e colocar a todos nessa mesma lama.
A Constituição de 1988 trouxe avanços inquestionáveis à separação dos poderes e à autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público. Quem não se lembra do dinheiro apreendido na residência oficial da então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso? Nem todo brasileiro é vítima da microcefalia que o PT e o governo petista tenta impelir a todos.
É claro que a corrupção no Brasil não começou hoje. Mas, também é inegável que nos treze anos de governo petista a corrupção ganhou novas formas, foi sistematizada e tomou proporções nunca antes vistas em nossa história. 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Buraco sem fundo.

O último Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) com as previsões para o desempenho da economia mundial permite-nos avaliar que as perspectivas do Brasil não são nada animadoras. Pelo FMI, em 2015 a economia brasileira deverá encolher -3,8%, enquanto a mundial crescerá 3,1%. Em 2016 a previsão é de que nossa economia irá encolher -3,5%, enquanto o mundo crescerá na média de 3,4%. Para o ano 2017 ficaremos estagnados, sem crescimento, enquanto a economia mundial avançará em torno de mais 3,8%.
As estimativas do FMI vão ao encontro de outros organismos internacionais. No plano interno, as grandes consultorias também pioram suas previsões a cada semana. Pode-se mensurar, portanto, que um verdadeiro desastre está acontecendo com o Brasil, com a tendência de agravar. A recessão nunca vem sozinha: ao lado dela vem o desemprego, a diminuição dos salários e da renda, a piora na qualidade dos serviços básicos, tais como educação, saúde, saneamento básico, segurança pública, etc...
A causa desse desastre é que nos últimos anos o governo gastou muito mais do que podia gastar. Em 2010, por exemplo, no último ano de governo do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 7,6%. Analisando qualitativamente esse fato, entretanto, observa-se que o impulso na economia se deu pelo aumento das despesas totais do governo, que naquele ano bateu todos os recordes históricos para eleger a então candidata Dilma Rousseff (PT-RS).
No ano seguinte, já eleita, a presidente Dilma Rousseff e seu ministro da Fazenda, Guido Mantega (PT-SP), não arrumaram a casa, de modo a colocar a política fiscal novamente no rumo. E para piorar o déficit público estimularam a política de isenção fiscal e o congelamento dos preços dos serviços controlados pelo governo, além de intervir nas decisões do Banco Central.
Tomadas as medidas cabíveis em tempo hábil, o Brasil hoje estaria crescendo pelo menos em torno da média mundial, sem a inflação de dois dígitos que penaliza, sobretudo, os mais pobres. O governo, todavia, tem demonstrado imensa dificuldade em tomar tais medidas, haja vista que prefere aumentar impostos continuamente a controlar os seus gastos.
Para a presidente Dilma Rousseff a solução da crise é simplesmente “reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostos”. Entenderam? Eu também não! (A linguagem utilizada é o “dilmês). Mas, a presidente completa dizendo que “é fundamental para o país sair mais rápido da crise aprovar a CPMF”.
Recentemente, a presidente havia prometido um conjunto de medidas para diminuir os gastos do governo, mas não atingiu 15% das metas, conforme matéria divulgada recentemente pela “Folha de São Paulo”. Até a diminuição do próprio salário e o dos ministros, que só tem efeito demagógico no conjunto das despesas, ficou no discurso. As despesas, no entanto, não param de aumentar. Somente com juros da dívida pública, o Brasil desembolsou mais de R$ 500 bilhões, em 2015. Quase quatro vezes mais do que os gastos com a Educação e a Saúde.
O Brasil não precisa de CPMF e nem de aumentar os impostos. Necessita imediatamente é de governo, com capacidade e credibilidade para realizar as mudanças necessárias. Na realidade o governo da presidente Dilma Rousseff já acabou. Só lhe resta a história, onde ficará marcado como o pior período de nossa vida Republicana. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Governo Dilma e PT derrotados.


A cada fato novo da Operação Lava-Jato o PT e as lideranças mais “ilustres” da base aliada vão se enrolando ainda mais. Hoje nem mesmo o ex-presidente Lula da Silva (PT-SP) e a presidente Dilma Rousseff (PT-RS) estão imunes de serem indiciados. É evidente que ambos sempre foram beneficiados pelo projeto petista de perpetuação no poder. Há tempo a imprensa livre e os segmentos mais responsáveis da vida nacional vêm denunciando o aparelhando da máquina pública e a institucionalização da roubalheira, “como nunca antes na história do Brasil”.
A crise econômica, política e ética que ora vivenciamos, em toda sua extensão e gravidade, resultou desse projeto, que sempre colocou os interesses ideológicos em primeiro plano. Daí não haver nenhum constrangimento em comprar o apoio parlamentar das velhas oligarquias regionais, pela necessidade de manter uma folgada maioria no Congresso Nacional. Assim, as ações de resultados imediatos, na busca de manter um eleitorado cativo, sem capacidade crítica, jogaram em segundo ou terceiro plano as políticas de Estado e a meritocracia.
Felizmente, para o bem do Brasil e dos brasileiros, esse projeto ruiu e vai chegando ao fim, pela própria incompetência, ganância e atraso ideológico de seus executores. É nessa ruína que, de novo, a população brasileira vai se reencontrando. Tal como diz o velho adágio popular “ninguém engana para sempre”. A sociedade brasileira já não suporta as dissimulações e mentiras, nem o raivoso “nós” contra “eles”, que durante os treze anos de governo petista estimulou a cizânia entre os brasileiros para continuar reinando.
Duro é que isso tenha acontecido depois da terra arrasada, quando o povo sente no bolso que está pagando a conta. E o rombo é tão grande que será necessário um longo período para recuperar a Petrobras e as demais empresas públicas saqueadas, bem como o desastre que arruinou a nossa vida econômica.
A decisão política do Supremo Tribunal Federal (STF) de alterar o rito da Câmara dos Deputados pode ter tornado mais difícil o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT-RS).  O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por seu turno, pode também não cassar o mandato da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), pela utilização de dinheiro sujo na campanha política, não obstante a abundância de provas. É notório que as nossas mais altas Cortes estão aparelhadas.
A presidente também poderá continuar circundando com pedaladas as imediações do Alvorada, bem como seguir gastando o escasso dinheiro público em propagandas, com o objetivo de melhorar a imagem. No entanto, os estragos realizados pelos governos petistas tornaram o partido e as suas principais lideranças e aliados irremediavelmente desacreditados. O “governo” de Dilma Rousseff hoje é irrecuperável!
O PT - incluindo seu “grande” líder, o ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), e a presidente Dilma Rousseff – está sendo derrotado por seu projeto de poder e ambições sem limites. E hoje o descrédito é tanto, que ninguém de sã consciência leva a sério o discurso petista. Em breve só restarão nas ruas em sua defesa os sindicatos pelegos e os ditos movimentos sociais, que só se prestam a repudiar o trabalho e viver das benesses do dinheiro público.
Quanto mais o PT e a presidente Dilma Rousseff façam o “diabo”, ao troco do toma lá dá cá para continuar governando, mais caro sairá a conta para os brasileiros. Não há como esse governo exorcizar a sua incompetência, pois ela o assombra como uma alma gêmea. A solução é a rua, pelo impeachment imediato. O depois cabe ao povo a escolha, mas sem qualquer participação da esquerda retrógrada, nem das oligarquias que a acompanha.
A cada dia de permanência do atual governo é mais um dia de crise. E como a Operação Lava-Jato vem demonstrando, é também mais um dia de vergonha para o Brasil diante do mundo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Do descontrole à ruína.

A cada novo relatório divulgado pelo Tesouro Nacional verifica-se que o cenário da economia brasileira continua piorando. O principal motivo é o desleixo com a política fiscal, pois o governo de Dilma Rousseff (PT-RS) persiste em seguir gastando muito mais do que arrecada, produzindo sucessivos déficits primários. Não sobra qualquer recurso para compor o que chamamos em economia de superávit primário, para o pagamento dos juros da dívida pública.
Por isto, a situação atual do Brasil pode ser comparada a uma avalanche de neve, que ao descer da montanha vai carregando toda matéria que encontra pelo frente, pois, em síntese, a cada mês o governo aumenta a dívida pública ao não conter as despesas correntes e ainda acumula juros sobre juros. Por conseguinte, do mesmo modo que as famílias quando têm as finanças descontroladas, o País vai perdendo sua credibilidade, os juros vão ficando mais altos e os investidores se afastando.
Pelo último relatório do Tesouro Nacional, consolidado até o mês de novembro de 2015, o total da dívida interna acumulada pelo governo petista alcançou a cifra astronômica de R$ 2,71 trilhões ao final do mês de novembro de 2015. Comparando-se ao mês anterior (outubro) houve um aumento de 2,67% no somatório da dívida.  Quando se considera a dívida bruta (a interna mais a externa) o montante alcança R$ 3,8 trilhões, com previsão de fechar o balanço de 2015 no patamar de 67,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Conformo matéria recente publicada no “Correio Brasiliense”, a dívida bruta brasileira poderá chegar a 88% do PIB ao final do governo de Dilma Rousseff, mantidas as despesas correntes atuais. No início do primeiro mandato, em 2011, esse montante correspondia a apenas 51,8% do PIB. É óbvio, portanto, que durante o período em questão a dívida brasileira não parou de crescer, o que demonstra o absoluto descaso do governo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como comprometimento com o futuro.
Neste aspecto, a realidade é sempre inconteste: quanto mais um país se endivida, mais amargas serão as medidas para recolocar a economia no rumo. Por justiça, a saída do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy deveu-se à resistência do governo em realizar os acertos necessários. Não basta aumentar impostos para que o contribuinte pague a conta, se o governo não tem determinação para enxugar os seus gastos.
Na contramão, por seu viés ideológico, a presidente Dilma Rousseff tem imensa dificuldade em compreender que há limite para as empresas e as famílias suportem uma carga tributária elevada; que os recursos do governo não são ilimitados; que nenhum país tem equilíbrio financeiro gastando além do que arrecada; que não tem nada haver responsabilidade fiscal com liberalismo econômico. Aliás, tais conceitos são deveras tacanhos e atrasados.
Para piorar, o ex-presidente Lula da Silva e o seu partido, o PT, preocupados com o desgaste político e as futuras eleições, reiteram as críticas contra o ajuste fiscal, clamando pela volta da gastança. Tal populismo já jogou o País na lama! Observa-se, todavia, que por este motivo hoje os mais pobres pagam a conta com uma inflação de dois dígitos, desemprego, juros altos, diminuição dos salários e inadimplência. E o Brasil em lugar de avançar vai encolhendo no meio de uma depressão econômica.
A aversão do PT ao controle fiscal tem a mesma lógica que a roubalheira institucionalizada para lesar o erário público: lá na frente será o calote da dívida pública. Mas, a isso o mercado é implacável e não perdoa. Em suma, o PT quebrou o Brasil!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O mundo virtual de Dilma Rousseff

Por Élio Gaspari – Jornalista e escritor
Há um ano a doutora Dilma assumiu seu segundo mandato e discursou no Congresso. Já não precisava propagar as lorotas típicas das campanhas eleitorais. Vencera a eleição e, com a escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, admitira a gravidade da crise econômica em que jogara o país.
Quem relê esse discurso fica com a pior das sensações. Sai do pesadelo de 2015 com a impressão de que entrará em outro, o de 2016. Não só pelo agravamento da situação econômica, política e administrativa do país, mas pela percepção de que a doutora vive em outro mundo ou julga-se com poderes suficientes para oferecer à população uma vida de fantasias.
Ela disse:
“Em todos os anos do meu primeiro mandato, a inflação permaneceu abaixo do teto da meta e assim vai continuar.”
Segundo as últimas projeções do mercado, ela fechará 2015 acima dos 10%, longe do teto de 6,5% e a maior taxa desde 2002. O estouro da meta era pedra cantada.
“A taxa de desemprego está nos menores patamares já vivenciados na história de nosso país.”
Ótimo, para discurso de despedida. O terceiro trimestre de 2015 fechou com a taxa de desemprego em 8,9%, a maior desde 2012, quando o IBGE começou a calculá-la com uma nova metodologia. Outra pedra cantada.
“As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia.”
No primeiro ano de seu novo mandato, o Brasil perdeu o grau de investimento. Em janeiro havia o risco. Nos meses seguintes, o governo tornou o rebaixamento inevitável.
Com a faixa no peito, repetiu platitudes:
“Sei o quanto estou disposta a mobilizar todo o povo brasileiro nesse esforço para uma nova arrancada do nosso querido Brasil.”
“Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer.”
As duas frases diziam nada, pois um país não cresce ou deixa de crescer por falta de disposição dos governantes. A disposição da doutora levou-a a uma arrancada, em marcha a ré. A economia encolheu em 2015 e encolherá de novo em 2016.
“A luta que vimos empreendendo contra a corrupção e, principalmente, contra a impunidade, ganhará ainda mais força com o pacote de medidas que me comprometi durante a campanha, e me comprometo a submeter à apreciação do Congresso Nacional ainda neste primeiro semestre.”
No segundo semestre, ela baixou a Medida Provisória 703, refrescando a vida das empreiteiras apanhadas na Lava-Jato. Favorecendo a impunidade, ela permite que as empresas voltem a receber contratos do governo sem que seja necessário admitirem “sua participação no ilícito”, como exigia a lei 12.846, assinada em agosto de 2013 por Dilma Rousseff.
Quando a doutora tomou posse, ela sabia que o “nosso querido Brasil” estava patinando, longe de uma arrancada. Não precisava ter dito o que disse.
Em outros momentos do seu discurso, fez gentilezas e promessas que devem tê-la levado ao arrependimento:
“Sei que conto com o apoio do meu querido vice-presidente Michel Temer, parceiro de todas as horas.”
Esqueça-se que “nosso lema será: Brasil, pátria educadora!”
Dilma Rousseff concluiu seu discurso com uma nota poética:
“Esta chave pode ser resumida num verso com sabor de oração: ‘O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois’.”
Entre o impossível e o milagre, deixou de fazer o possível.