O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro
mandato da presidente Dilma Rousseff (2011/2014), considerando o período desde
o fim da República Velha, em 1930, só não foi pior do que no mandato de
Fernando Collor de Mello (1990/1992), quando o PIB brasileiro encolheu -1,29%. Para
este segundo mandato, as principais empresas de consultoria do Brasil e
exterior prevêem um largo período de recessão econômica, que poderá se estender
até 2017, não tomadas as medidas adequadas.
Para este ano, a mediana na queda do PIB brasileiro
acompanha a previsão do Boletim Focus, que atualmente está no patamar de -2,0%. Contudo, há previsões bem mais pessimistas, tais como a do Banco Fibra, de
-3,1%; do Credit Suisse, de -2,4%; da Empiricus Research, de -2,5%.
Concretizando-se qualquer uma dessas previsões, somente cinco países terão
resultados piores que o Brasil: Guiné Equatorial e Serra Leoa, na África; Vanuatu,
na Oceania; Venezuela, na América; Ucrânia, na Europa.
Poucos países deixarão de crescer, tal como o Brasil nos
próximos dois anos. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a
média de crescimento mundial para 2015 é estimada em 3,3%. Portanto, a
situação atual do nosso país é bem pior do que a das principais economias do
mundo, como também dos países que estão no mesmo grau de desenvolvimento, como
a do grupo dos BRICS e da maioria dos nossos vizinhos sul-americanos.
Outros indicadores que permitem avaliar a dimensão da
fragilidade fiscal e da gravidade da crise econômica brasileira são dados pela
inflação, taxas de juros (SELIC) e desemprego altos; endividamento público
elevado, com dificuldade de aumento da receita e de contenção dos gastos
correntes; baixo nível de confiança no país. Mesmo diante desses fatos nosso
governo vem encontrando dificuldades para aprovar na integridade as medidas
propostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência
de classificação de risco Moody’s é a comprovação da nossa realidade. Segundo a
Moody’s: “Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento
de gastos públicos e uma falta de consenso político sobre as reformas fiscais
impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o suficiente
para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, o
que justifica o rebaixamento da nota de crédito brasileira.
Análise similar também levou a agência Standard &
Poor’s a mudar sua avaliação de risco de estável para negativa. Outra agência,
a Fitch, também já estuda mudanças em sua classificação. É preocupante, portanto,
que o Brasil volte para a posição de nível especulativo, o que indicaria maior
dificuldade para obtenção de recursos no exterior e aumento nas taxas de juros
nos novos empréstimos contraídos pelas empresas e governo.
Somam-se aos problemas de ordem econômica as crises
política, moral e ética, como comprovam a Operação Lava Jato e o alto índice de
desaprovação à Presidente Dilma Rousseff e ao seu partido, o PT.
Mesmo assim, ao contrário do que vem dizendo a presidente
Dilma Rousseff e a linha de frente de seu partido, nada disso decorre da crise
externa ou golpismo, muito menos da invenção dos “pessimistas de plantão”. Se
há culpado é o próprio governo petista, pela incompetência para dirigir o país
e seu projeto de perpetuação no poder e de hegemonia. Entretanto, a presidente
e o PT preferem tergiversar e negar a verdade ao invés de assumirem a culpa, o
que seria muito mais nobre.