A grande
maioria dos brasileiros não tem sequer idéia do que é a dívida pública, nem da
repercussão que tem o endividamento do país sobre o seu bolso. Talvez daí o
grande desinteresse das massas com a política e a economia, embora ambos os
segmentos tenham influência direta sobre a vida das pessoas, pois à medida que
o país se endivida, mais a sociedade tem que fazer esforço, através do
pagamento de impostos e outras contribuições, para o fechamento da conta.
Como diz o
adágio popular, “não há banquete de graça, alguém tem que pagar a conta”! E no
Brasil a conta é sempre crescente, ou seja, a cada ano todo brasileiro é
obrigado a pagar mais tributos. Nas décadas de 70 e 80 o percentual da carga
tributária em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) era de 25,2%. No ano 2000
chegou a 30%. Em 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, deverá superar a 36% do PIB. Somente no governo do Partido dos
Trabalhadores (PT) ela cresceu perto de 11%.
Além da
carga tributária elevada e do baixo retorno em serviços aos brasileiros,
acumulamos também uma enorme dívida pública. O montante da nossa dívida bruta,
que engloba as responsabilidades dos governos municipais, estaduais e federal
(incluindo as empresas estatais e autarquias) é de R$ 3,5 trilhões. Somente o
governo Federal acumula uma dívida bruta de R$ 2,496 trilhões, até o final do
último mês de maio, de acordo com relatório do Tesouro Nacional divulgado esta
semana.
Como o país
nunca consegue pagar a sua dívida (interna e externa), a conta sempre vai
aumentando. Faz-se necessário, então, tomar dinheiro emprestado, que custa a
todos nós brasileiros 13,75% ao ano, pela taxa Selic estipulada pelo Banco
Central (BC) - Uma das maiores taxas de juros reais do mundo.
Pela agência
de classificação de risco Moody’s, “o endividamento do Brasil encontra-se em um
patamar bastante elevado”. Mesmo assim, independente do ajuste fiscal promovido
pelo governo de Dilma Rousseff (PT-RS) ora em curso, a dívida pública brasileira
deverá continuar crescendo, pois a Moody’s considera muito improvável que as
metas fiscais projetadas para 2015 e 2016 venham a ser alcançadas.
Para piorar
as perspectivas da nossa economia o próprio BC já admite que a inflação chegue
a 9% ao final deste ano. Outra previsão negativa do BC é de que o PIB de 2015
deverá encolher 1,1%, aumentado o desemprego e limitando o aumento das receitas
do governo, o que será o pior resultado dos últimos 25 anos.
Ao contrário
do que dizia a presidente Dilma Rousseff antes da eleição, não estamos no
melhor dos mundos. Os indicadores apontam que a crise será duradoura. Um
tsunami! E não podemos atribuí-la a fenômenos externos, uma vez que estamos
muito aquém do crescimento do mundo. A questão é que deixamos de fazer o dever
de casa e continuamos gastando, sem qualquer zelo com a Lei de Responsabilidade
Fiscal e preocupação com a estabilidade da economia, agravada pelo
aparelhamento do Estado e pela corrupção generalizada.
Agora
ninguém tem culpa. Tal criador, tal criatura! Por isto, o ex-presidente Lula da
Silva a todo custo tenta eximir-se de suas responsabilidades. Nessa briga não
há vítimas, há sim culpados! “Sórdida campanha... na tentativa de destruir um
projeto nacional e popular”, tal como dizem os senadores do PT em sua nota de
desagravo ao ex-presidente Lula da Silva, não passa de mais uma falácia do PT.
A verdade é que “sórdido” é o que eles fizeram do Brasil para a perpetuação no
poder.