sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Gestão desastrosa e corrupção desenfreada

No dia 9 de dezembro celebrou-se em todo o mundo o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Este dia foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para marcar a data da assinatura da Convenção Internacional contra a Corrupção, no ano de 2003. Portanto, uma série de iniciativas para alertar a todos, sobre os efeitos nocivos da corrupção e proposições de medidas para combatê-la, deveriam ser tomadas, tanto pelos órgãos governamentais, como também pelos segmentos representativos da sociedade.

Entretanto, poucas iniciativas foram vistas entre nós para marcar esse dia. O que sobressaiu foram poucos eventos programados por alguns órgãos públicos ligados ao tema, tais como a Controladoria Geral da União (CGU), a Procuradoria Geral da União (PGU) e atos isolados pelos estados da Federação. Das Confederações Sindicais, tais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) ou dos movimentos sociais não se viu qualquer evento nesse sentido. Nada!

Todavia, se esse dia fosse um motivo para defender a corrupção e alguns corruptos e corruptores, com certeza não faltariam manifestações e atos de agravo, a começar pelo movimento dos sem terra (MST) e dos sem teto (MTST), bem como da própria CUT. Esses movimentos se tornaram especialistas em defender o malfeito, para o proveito próprio. Hoje os seus líderes aprenderam a enriquecer a custas do erário público e dos recursos transferidos dos trabalhadores para os sindicatos.

Parece um círculo sistêmico e vicioso: o governo da ocasião alimenta esses movimentos com recursos públicos, fortalecendo-os. Por outro lado, em retribuição, eles dão sustentação à corrupção do governo, em troca de suas mazelas.

Atualmente o Brasil ocupa o 69º lugar no ranking mundial da corrupção, segundo a ONG Transparência Internacional, recentemente divulgado. Em uma escala de 0 a 100, não conseguimos sequer chegar a 50 pontos, o que nos classifica como um país extremamente corrupto, não bastasse ocuparmos a primeira posição em número de homicídios, com quase 15% das ocorrências contabilizadas em todo o mundo.

No Brasil, o maior destaque do Dia Internacional de Combate à Corrupção foi a Conferência Internacional de Combate à Corrupção, realizada em Brasília – DF na última terça-feira. Nesse evento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse em alto e bom som que “a corrupção envergonha nosso país”, defendendo de forma veemente a prisão dos corruptos e corruptores, com o confisco de bens e valores dos maus dirigentes públicos.

Um assunto em pauta daquela Conferência foi o escândalo do PETROLÃO, que vem ganhando as páginas dos principais jornais do mundo, pelo montante de valores desviados da maior empresa brasileira, a Petrobras. Por isto, Henrique Janot mencionou que “envergonha-nos estar onde estamos”, pedindo de forma clara a substituição de cada um dos diretores da empresa, devido ao que classifica como “gestão desastrosa”.

Porém, mais desastrosa foi a reação do governo, por meio do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, ao dizer que “não há nenhuma razão objetiva para que os atuais gestores da Petrobras sejam afastados do comando”. Lembremos, então, apenas o teatro da CPI do Senado Federal, quando as perguntas e respostas foram ensaiadas com a aquiescência da direção da empresa e dos parlamentares governistas. Para que jogar a sujeira para debaixo do tapete?


Por fim, na questão de combate à corrupção temos muita coisa para fazer, e muito pouco a comemorar.

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