sexta-feira, 27 de junho de 2014

Jogando a culpa nos outros

Enquanto o futebol vai ficando em primeiro plano neste período de Copa do Mundo, nos bastidores da política o toma lá dá cá vai correndo solto, para garantir à candidata e presidente Dilma Rousseff (PT-RS) a hegemonia no tempo da propaganda política. Esta é a oportunidade para os partidos aliados angariarem os recursos financeiros para campanha e mais espaços no loteamento do governo, inclusive negociando de antemão os cargos para um possível segundo mandato.  

O resultado do balcão de negócio é que a coligação de apoio à presidente Dilma terá quase metade do tempo de propaganda de televisão, cerca de 11 minutos e meio por dia. O oposicionista Aécio Neves (PSDB-MG) ficará com cerca de 4 minutos e meio, enquanto Eduardo Campos (PSB-PE) com menos de 2 minutos. Os candidatos dos partidos nanicos terão direito a pequenas inserções diárias.

O tempo de rádio e televisão é preciosíssimo para a visibilidade dos candidatos. Por isto, a presidente Dilma Rousseff dará a largada com considerável distância à frente de seus oponentes. Terá também a vantagem de continuar exercendo a presidência, onde pode fazer a propaganda de governo sem ser molestada pelo Supremo Tribunal Eleitoral - STE. Aliás, o atual presidente do STE, ministro José Antônio Dias Toffoli,   é ex-advogado do PT.

Como contraponto há a enorme impopularidade da presidente, bem como a desaprovação de seu governo. As causas estão bem evidentes: diminuição do consumo, dado pela carestia dos produtos básicos; falta de qualidade dos serviços públicos; baixo crescimento do país; maior percepção de corrupção, depois dos escândalos da Petrobras, conforme têm detectado os órgãos de pesquisa.

Mesmo assim, não se pode esquecer que grande parte dos eleitores brasileiros está à margem da vida política do país. Muitos não sabem sequer quem são os candidatos e o que cada um deles representa. Considerando ainda os analfabetos plenos e funcionais, que, infelizmente, ainda representam grande contingente da população, bem como os votos do Bolsa Família, vimos o quanto difícil será esta eleição.

Cientes dessas dificuldades, as principais líderes petistas já ensaiam a polarização da campanha entre o “nós” e o “eles”, demonstrando que mais uma vez teremos eleições com poucas propostas e muitos apelos.

O jornal “O Estado de São Paulo” sintetizou muito bem esta situação ao expressar que “diante da sólida evidência de que a incompetência de Dilma Rousseff está colocando seriamente em risco o projeto político do PT, Luiz Inácio Lula da Silva apela para seu discurso retórico predileto: fazer-se de vítima, acusar “eles” – seus adversários políticos – daquilo que o PT pratica, transformando-os em inimigos do povo e sobre eles jogando a responsabilidade por tudo de ruim e de errado que acontece no país. Lula decidiu de vez partir para cima... no ambiente em que sente mais confortável: a baixaria”.


Nesta eleição, no entanto, teremos também Eduardo Campos e muitos outros ex-aliados do governo na hoste da oposição. Outro ponto é que são 12 anos de governo petista e já passou da hora do partido assumir os seus próprios fracassos.

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