sexta-feira, 23 de maio de 2014

Só não enxerga quem não quer

Dissimulado, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), retardou por mais uma semana a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - CPMI, para investigar os escândalos que rondam a Petrobras. Foi feita assim a vontade do Palácio do Planalto, que tudo tem feito para que nada seja investigado; que a sujeira, mais uma vez, seja jogada para debaixo do tapete.

O governo petista teme a instalação da CPMI devido à dissidência da Câmara dos Deputados. Prefere, então, a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI do Senado Federal, já batizada de “CPI chapa branca”, porque no Senado está tudo sob controle, prontinho para acabar em pizza. O relator, José Pimentel (PT-CE), e o presidente, Vital do Rêgo (PMDB-PB), foram escolhidos a dedo. A oposição ficou sem número e sem voz.

Mas, segundo afirmação do juiz federal Sergio Fernando Moro, da Justiça Federal do Paraná, há “uma organização criminosa no seio da estatal”. Esta organização trabalhava em sintonia com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato, junto com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, solto esta semana depois de uma decisão monocrática do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal – STF.

O ex-diretor Paulo Roberto Costa era indicado dos senadores Renan Calheiros e Delcídio do Amaral (PT-GO). Depois que Paulo Roberto foi pego em casa com milhares de dólares, euros e reais, e, posteriormente, familiares seus foram flagrados pala PF destruindo provas, ambos passaram a fugir dessa paternidade.

Ninguém é ingênuo ao ponto de achar normal a guarda de dinheiro (milhões) dentro casa. Também não pode ser normal o prejuízo bilionário na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Há, ainda, outros fatos sob suspeição: as centenas de aditivos que elevaram o custo da refinaria Abreu Lima em Pernambuco, de US$ 2,0 bilhões para US$ 18,0 bilhões; as obras bilionárias do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, no município de Itaboraí; denúncias de corrupção de altos funcionários na locação de plataformas marítimas da empresa SBM Offshore, da Holanda.

Outro fato alarmante é o endividamento da Companhia nos últimos anos. Segundo relatório do Bank of America Merril Lynch “a dívida da Petrobras cresceu rapidamente”, de forma que ela é hoje a empresa mais endividada do mundo. Em agosto de 2013, conforme balanço apresentado pela estatal, o montante da dívida chegava a R$ 176,3 bilhões.

É por este endividamento que articulistas do jornal Financial Times atribuem ao intervencionismo do governo brasileiro estar transformando a Petrobras “numa bomba relógio que pode explodir a qualquer tempo”. Há inclusive analistas que apontam a possibilidade de falência, caso mantida a progressão do endividamento. Não é à toa, portanto, que as ações da companhia tenham caído de valor (hoje valem menos que a metade que há alguns anos), causando imensos prejuízos aos acionistas.

Pode-se concluir que a caixa preta da Petrobras na era petista teria muito a ser investigada. Diretores, funcionários, empresas, doleiros e políticos. De políticos se chegaria a muito que os deputados André Vargas (ex PT-PR), Cândido Vacarezza (PT-SP) e Luiz Argolo (SDD-BA), os que apareceram até agora nas investigações da PF, envolvidos com o doleiro Alberto Yousseff.


Hoje o governo petista e seus aliados articulam pelo silêncio, esperando a chegada da Copa do Mundo. Aproveitam, ainda, para massacrar o brasileiro de propagandas: BNDES, Petrobras, Caixa Econômica, Banco do Brasil, etc... Tudo tem que parecer perfeito e em ordem. E como estamos no período pré- eleitoral tudo de mau é culpa da imprensa e da oposição golpistas.

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