Faltando trinta e quatro dias para o início da Copa do Mundo,
continuamos às voltas com o término das obras de várias arenas esportivas e
seus entorno. Muita coisa acabou ficando para última hora, o que tem impedindo
a realização dos eventos testes da forma programada. O fato mais grave, no
entanto, é o trabalho apressado, de forma atabalhoada, que já levou a vida de nove trabalhadores em acidentes que poderiam ser plenamente evitados.
Segundo o Secretário Geral da Fedéretion Internationale de
Football Association - FIFA, Gérôme Valcke, em entrevista recente, a proposta
inicial era a de que a Copa do Brasil fosse realizada com apenas oito estádios
(exigência mínima da FIFA), de modo a encurtar as distâncias As autoridades
brasileiras, entretanto, optaram por doze (requisito máximo), para contemplar
cada uma das regiões do país.
Em 2007, quando a FIFA ratificou o Brasil como sede da Copa,
o país parecia navegar em céu de brigadeiro, pelo crescimento do mundo. O preço
das nossas commodities encontrava-se lá em cima, nas nuvens. O então presidente
Lula da Silva gabava-se de ter “acabado com a dívida externa” e “exterminado a
pobreza”. Podíamos, então, por sua ótica, construir mais estádios, mesmo que
alguns deles pudessem ficar ociosos, pois “o Brasil agora é um país
desenvolvido” (sic), conforme suas palavras.
Nesse tempo, o ex-presidente não se acanhava em dar conselhos
ao mundo, sem qualquer modéstia. Em seus discursos muitas vezes gabava-se de
ensinar os principais líderes a governar. Isto inclusive ensejou a ironia de
Barack Obama de chamá-lo de “o cara”, fato que até hoje é comemorado pela trupe
petista.
Mas, voltando à Copa, além dos estádios, o Brasil se
comprometia a criar em um período de pouco mais de seis anos toda
infraestrutura, desde a modernização dos aeroportos, aos investimentos na
melhoria da mobilidade urbana das cidades sedes. Não faltou espaço até mesmo
para a construção de um trem bala, que ligaria as cidades de Campinas e São
Paulo ao Rio de Janeiro.
E tudo foi firmado em contrato com cadernos de encargos, onde
até mesmo a estrutura das Fan Fest’s – telões, palcos para shows e acomodações
para a imprensa fora dos estádios -, com custo aproximado de R$ 40 milhões para
cada um dos locais do evento, ficava a cargo dos governos. Caberia à FIFA a organização
dos estádios e o resultado financeiro da venda dos ingressos, do direito de
transmissão e das cotas de patrocínio, em resumo. Até mesmo o pagamento de
impostos foi liberado.
Faltando agora poucos dias para a competição, temos a certeza
de que raras cidades estarão prontas da forma prometida, quer em função dos
atrasos, ou pelo próprio cancelamento de muitas obras, por inexeqüíveis.
Ficamos, então, obrigados a ouvir o Sr. Valcker dizer na Suíça que “viveu um
inferno”, durante a preparação do Brasil, quando ele e o presidente da FIFA, o
Sr Joseph Blatter, não se cansaram de lastimar ao mundo pelos problemas aqui
encontrados.
Não podemos nadar contra o tempo e consertar o que deixou de
ser feito. É impossível, portanto, realizarmos “a Copa das Copas” da forma como
disse a presidente Dilma Rousseff. Lá fora nossa imagem já está arranhada, quer
pelo que foi mostrado até agora pela direção da FIFA, ou pela mídia
internacional, que sempre destaca a violência, conforme ocorrida nos
quebra-quebras durante a Copa das Confederações.
Por derradeiro, resta-nos, então, que os governos federal,
estadual e municipal das cidades sedes, promovam a segurança necessária,
impedindo a ação de bandidos e vândalos, para que possamos melhorar, pelo menos
um pouco, nossa imagem diante do mundo. E que tenhamos também uma Copa de
confraternização e humanizada.
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