sexta-feira, 9 de maio de 2014

“A Copa das Copas”

Faltando trinta e quatro dias para o início da Copa do Mundo, continuamos às voltas com o término das obras de várias arenas esportivas e seus entorno. Muita coisa acabou ficando para última hora, o que tem impedindo a realização dos eventos testes da forma programada. O fato mais grave, no entanto, é o trabalho apressado, de forma atabalhoada, que já levou a vida de nove trabalhadores em acidentes que poderiam ser plenamente evitados.

Segundo o Secretário Geral da Fedéretion Internationale de Football Association - FIFA, Gérôme Valcke, em entrevista recente, a proposta inicial era a de que a Copa do Brasil fosse realizada com apenas oito estádios (exigência mínima da FIFA), de modo a encurtar as distâncias As autoridades brasileiras, entretanto, optaram por doze (requisito máximo), para contemplar cada uma das regiões do país.

Em 2007, quando a FIFA ratificou o Brasil como sede da Copa, o país parecia navegar em céu de brigadeiro, pelo crescimento do mundo. O preço das nossas commodities encontrava-se lá em cima, nas nuvens. O então presidente Lula da Silva gabava-se de ter “acabado com a dívida externa” e “exterminado a pobreza”. Podíamos, então, por sua ótica, construir mais estádios, mesmo que alguns deles pudessem ficar ociosos, pois “o Brasil agora é um país desenvolvido” (sic), conforme suas palavras.

Nesse tempo, o ex-presidente não se acanhava em dar conselhos ao mundo, sem qualquer modéstia. Em seus discursos muitas vezes gabava-se de ensinar os principais líderes a governar. Isto inclusive ensejou a ironia de Barack Obama de chamá-lo de “o cara”, fato que até hoje é comemorado pela trupe petista.

Mas, voltando à Copa, além dos estádios, o Brasil se comprometia a criar em um período de pouco mais de seis anos toda infraestrutura, desde a modernização dos aeroportos, aos investimentos na melhoria da mobilidade urbana das cidades sedes. Não faltou espaço até mesmo para a construção de um trem bala, que ligaria as cidades de Campinas e São Paulo ao Rio de Janeiro.

E tudo foi firmado em contrato com cadernos de encargos, onde até mesmo a estrutura das Fan Fest’s – telões, palcos para shows e acomodações para a imprensa fora dos estádios -, com custo aproximado de R$ 40 milhões para cada um dos locais do evento, ficava a cargo dos governos. Caberia à FIFA a organização dos estádios e o resultado financeiro da venda dos ingressos, do direito de transmissão e das cotas de patrocínio, em resumo. Até mesmo o pagamento de impostos foi liberado.

Faltando agora poucos dias para a competição, temos a certeza de que raras cidades estarão prontas da forma prometida, quer em função dos atrasos, ou pelo próprio cancelamento de muitas obras, por inexeqüíveis. Ficamos, então, obrigados a ouvir o Sr. Valcker dizer na Suíça que “viveu um inferno”, durante a preparação do Brasil, quando ele e o presidente da FIFA, o Sr Joseph Blatter, não se cansaram de lastimar ao mundo pelos problemas aqui encontrados.

Não podemos nadar contra o tempo e consertar o que deixou de ser feito. É impossível, portanto, realizarmos “a Copa das Copas” da forma como disse a presidente Dilma Rousseff. Lá fora nossa imagem já está arranhada, quer pelo que foi mostrado até agora pela direção da FIFA, ou pela mídia internacional, que sempre destaca a violência, conforme ocorrida nos quebra-quebras durante a Copa das Confederações.

Por derradeiro, resta-nos, então, que os governos federal, estadual e municipal das cidades sedes, promovam a segurança necessária, impedindo a ação de bandidos e vândalos, para que possamos melhorar, pelo menos um pouco, nossa imagem diante do mundo. E que tenhamos também uma Copa de confraternização e humanizada.

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