Ninguém em sã consciência pode
ser contrário a contratação de médicos para as regiões carentes. Muitas
comunidades não têm sequer um único médico para suprir a atenção básica da
saúde. Necessitamos principalmente de generalistas, de forma que a contratação
de profissionais não brasileiros é uma estratégia que não pode ser menosprezada,
a exemplo do que acontece em outros países.
Contudo, o programa “Mais Médico”
tem suscitado inúmeras polêmicas. Primeiro, pela forma autoritária e sem
transparência como o governo federal tem conduzido o programa, sem debate no
parlamento e participação dos órgãos representativos da classe; segundo, pelo
viés ideológico, passando por cima das leis e das tradições históricas do nosso
país.
Começando por esta última questão,
chega a ser piada de mau gosto a vice-ministra da Saúde de Cuba, Márcia Cobas,
dizer aos brasileiros que os cubanos chegam ao Brasil para uma “missão
humanitária e de solidariedade entre os povos”. É triste, lamentável e até repulsivo
ouvir isto! A “solidariedade” é o fim econômico, haja vista que a maior parte
dos recursos será apropriada pelo governo cubano, como uma espécie de subsídio.
A fala de Maria Cobas,
consecutivamente, nada mais é que propaganda do sistema político de seu país.
Não à toa ela chegou a esse posto, condecorada pelos “grandes serviços
prestados” à ditadura implantada e dirigida pelos irmãos Castros.
Cuba é uma das últimas ilhas do
comunismo no mundo. Um sistema que auto-implodiu na Europa pelo totalitarismo,
imposto por uma burguesia de Estado restritiva dos direitos humanos. Lá o
cidadão é privado de pensar diferente do que lhe é imposto pelo regime. Se isto
acontece é vigiado e perseguido, tal como a escritora Yoani Sanchéz. Daí o
clamor por liberdade e rotineiras tentativas de fuga.
O médico cubano que chega ao
Brasil não foge a essa regra. Ele vem exportado tal qual uma mercadoria, sem qualquer
direito, nem mesmo de trazer a família, que fica retida. A maior parte do
salário será apropriada pelo governo, o que Carl Marx (principal ideólogo do
comunismo) define como “Mais Valia”, para justificar a exploração do
trabalhador no sistema capitalismo. Por isto, a relação de trabalho do médico
cubano será assemelhada ao próprio escravismo. Não é por outro motivo que os
passaportes ficarão retidos na embaixada de Cuba.
O advogado-geral da União, Luís
Inácio Adams, adiantou que os cubanos “são pessoas que estão entrando no país,
não como refugiados. São profissionais que têm de respeitar as regras do
convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde”. Disse, ainda, que nenhum
médico terá direito a asilo político; que no caso de fuga “eles seriam
devolvidos”.
E para evitar a fuga, todos eles
foram muito bem selecionados. Além disso, serão vigiados por “coordenadores” de
grupo, como na Bolívia e na Venezuela. Mas, se por acaso alguns desertarem do
programa, não faltaram “capitães do mato” brasileiros, para caçá-los e repatriá-los
para Cuba.
Quanto ao aspecto do
autoritarismo e da falta de transparência, basta citar esse pequeno trecho de
matéria de Lígia Formente e Andreza Matais, publicada em “O Estado de São
Paulo”:
Médicos cubanos recrutados para trabalhar no Brasil recebem aulas
de português e informações sobre o SUS há pelo menos seis meses. Mesmo sem a
formalização de um acordo, professores brasileiros, usando material didático do
Mais Médico, viajam para diversas localidades de Cuba para iniciar a formação
dos profissionais, em uma sinalização de que o governo há tempos trabalha com a
meta de trazê-los para o país.
Claro! Tudo estava em surdina. E
o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, falando que havia desistido de trazer os
cubanos. Agora se vê com clareza que era tudo balela. O ministro só estava
esperando a poeira baixar.
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