O retorno aos trabalhos da CPMI
(Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), que “apura” as relações do contraventor
Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários, foi simplesmente VERGONHOSO. A
maioria – diga-se, a base do governo – praticamente encerrou os trabalhos ao
prorrogar a CPMI por 48 dias, o que impedirá novos depoimentos e a quebra de
sigilos da empreiteira Delta, ou das empresas de fachada ligadas ao esquema.
A verdade é que o Planalto e a base
aliada não queriam que fosse apurado mais nada. A oposição, por sua vez,
fragilizada tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, não conseguiu o
número de assinaturas necessárias para prorrogar os trabalhos por mais seis
meses. Assim, essa CPMI acabará em uma VERGONHOSA PIZZA, temperada com dissimulação
e cinismo, e com sabor de hipocrisia.
O próprio relator, Odair Cunha
(PT-MG), não esconde que já tem o relatório da CPMI concluído. Fatalmente, seu
relatório estará centrado nos oposicionistas ao governo, com destaque para o já
desmoralizado ex-senador Demóstenes Torres e o governador de Goiás, Marcondes
Perillo (PSDB-GO). Pode ser que ele ainda tenha a cara de pau para elogiar seu
correligionário de partido, Agnelo Queiroz (PT-DF), governador do Distrito
Federal.
Vale lembrar que essa CPMI só foi
criada pela tentativa da cúpula petista, encabeçada por Lula da Silva, José
Dirceu e Rui Falcão, de melar o julgamento do MENSALÃO.
Na edição do último dia de maio deste
diário “Aqui Notícias”, veiculamos o artigo intitulado “Dissimulação Escancarada”,
quando falamos dessa estratégia petista. Os alvos escolhidos foram Roberto
Gurgel, procurador geral da República, a oposição e a imprensa independente. Isso
sim, uma tentativa de golpe, sem dignidade e escrúpulo.
Todos sabem que a empreiteira Delta,
até estourar o escândalo de Demóstenes Torres, era a principal executora das
obras do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, menina dos olhos da
presidente Dilma Rousseff. Por que não
investigar as ligações da Delta com as empresas de fachadas que irrigaram o
esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira com milhões de recursos?
Diz o ditado e a sapiência popular:
“Quem não deve não teme”.
A empreiteira Delta tinha bilhões de
contratos com o governo, realizando obras de norte a sul do Brasil. Segundo o
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), “as investigações indicam que Cachoeira é
parte da organização criminosa e a cabeça do esquema é a empreiteira Delta”. Há
fortes suspeitas, inclusive, de que Carlinhos Cachoeira seja sócio de Fernando
Cavendish, principal acionista da Delta.
É esse mesmo Cavendish amigo íntimo
do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também blindado pela
base do governo.
Por todas essas razões, temos que
concordar com o que disse o senador Pedro Taques (PDT-MT), em entrevista ao
jornal “Folha de São Paulo”: “Estamos jogando o lixo para debaixo do tapete e o
lixo está fedendo”. Talvez, por isto, a decisão de encerrar a CPMI tenha se
dado somente agora, depois do calor das urnas e na véspera de um feriado. Assim
a repercussão é menor.
Fica aqui, no entanto, o consolo de
que avançamos no âmbito do Judiciário, com o julgamento do MENSALÃO. Mas, quando
a questão é política parece que estamos sempre fadados ao retrocesso.
Como é triste, além de vergonhosa, nossa situação política! É claro que muitos outros CURRAIS eleitorais pelo mundo apresentam as mesmas mazelas... mas, a oito anos acreditávamos, ao menos a maioria - incluo-me, estar fazendo história e mudando o rumo. Doce ilusão, amarga realidade: dolorida decepção. E agora resta somente uma tigela de desilusão e uma ou outra pitada de esperança para temperar esta pizza da democracia; afinal, esta não pode ir antes da alma.
ResponderExcluirSr. Wagner, mais uma vez, parabéns!
Abração,
Rodrigo Davel
Caro Rodrigo,
ResponderExcluirInfelizmente a mudança é muito lenta. No Brasil o patrimonialismo continua prevalecendo sobre os interesses coletivos. Felizmente, ainda temos um país democrático e podemos mudar.
Wagner, esperança é a última que morre mas temos uma paródia de um ditado popular que tem sido uma realidade para os poucos que tentam persistir fiéis e confiantes aos princípios da ética e moral no senário político do nosso país: "água mole em pedra dura, tanto bate... até que acaba a água!".
ResponderExcluirForte abraço!
Caro Fábio,
ExcluirConcordo plenamente contigo:´"água mole em pedra dura tanto bate até que fura".
Veja que a promotoria pública de São Paulo está em cima do caso de Celso Daniel. Se tivéssemos menos i´mpunidade já saberíamos com certeza quem são os mandantes.
A CPI já apurou tudo que tinha para apurar. Quem estava envolvido já foi desmascarado. Não adiantar ficar acusando ninguém sem provas.
ResponderExcluirÉ... Não estou acusando ninguém. Contra fatos não há como constestar. Em síntese: Só não vê quem não quer!
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