Na última terça-feira a Comissão de
Constituição Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o Plano Nacional de
Educação (PNE), que estabelece o conjunto de metas e investimentos, para um
período de 10 anos. Ele engloba todas as etapas de ensino, abrangendo a
totalidade dos municípios, estados e o governo federal.
Este PNE deveria ter sido aprovado em
2010, para direcionar todo segmento da educação até 2020. O atraso deveu-se a
embates na CCJ, ante a proposta do Ministério da Educação (MEC), que era de aumentar
os investimentos anuais gradativamente, de 5% do Produto Interno Bruto (PIB)
até chegar a 7% em 2020. Mas, um acordo da base governista com a oposição
resultou na aprovação de um aumento de 10% do PIB, para 2020.
Tudo indica, portanto, que não
teremos a definição do PNE ainda este ano, pois ele terá que tramitar e ser
aprovado pelo Senado Federal, e ainda ser submetido à presidente Dilma
Rousseff, quando estará suscetível a vetos. Muita água ainda irá rolar até que
o PNE possa ser dado como concluído.
Observa-se, no entanto, que os
esforços para aumentar os recursos financeiros da educação podem não resultar
na melhoria da qualidade do ensino. Estudo recente da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) constatou que o Brasil, no
período entre 2000 e 2009, foi o segundo país que mais aumentou os
investimentos na educação - 57% no período, perdendo apenas para a Rússia, que
aumentou em 90%.
Esse aumento, entretanto, não
resultou em avanços significativos na avaliação da qualidade do ensino, medida pelo
índice de PISA, que é um parâmetro de avaliação da própria OCDE. Entre 65 países
avaliados, o Brasil se situou na 53ª posição, considerando as escolas públicas
e privadas; quando a avaliação é apenas das escolas publicas, descemos para a
60ª posição.
Segundo especialistas do setor, a
pouca correlação entre o aumento dos recursos financeiros e a melhoria do
ensino é consequência direta da qualidade dos investimentos, como também de
critérios que não priorizam as áreas mais necessárias.
Daniel Cara, coordenador da ONG
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, menciona o exemplo de que a
construção de uma escola no Brasil custa em média R$ 4,0 milhões, enquanto
deveria custar R$ 1,5 milhão. Diz, ainda que “se multiplicarmos isso pelo
número de escolas que são construídas a cada ano, teremos a dimensão do
desastre”, conforme reportagem publicada no site da revista “Veja”.
Também desperdiçamos recursos em
licitações viciadas e em altos índices de reprovação escolar, decorrentes da
própria deficiência do ensino. A realidade é que vivenciamos um modelo de
educação com gestão insipiente, com pouca capacidade de promover mudanças,
inclusive de melhorar a qualidade do professor.
Esta última questão nunca é tratada
de frente, principalmente porque temos uma cultura de não ferir a
suscetibilidade das pessoas; somos paternalistas demais. Permitimos, por contrassenso,
que o educando seja penalizado.
Assim, o PNE deveria ser visto como
uma prioridade, haja vista que sem ensino público de qualidade estaremos
comprometendo o futuro das próximas gerações. Não podemos nos esquecer que é a
educação o único setor com capacidade de promover mobilidade e justiça sociais.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBom dia Wagner e amigos Blogueiros, vemos que a educação definitivamente não tem sido tratada como uma prioridade pelos nossos governantes, e como diz aquela célebre frase, "cada povo tem o representante que merece", eles não estão querendo fazer nada para mudar o alicerce do país, possivelmente sabendo que isso repercutirá na mudança dos atuais líderes que se perpetuam na cúpula política através da compra de votos.
ResponderExcluirGRande abraço!