O ex-presidente Lula da Silva, quando ainda na presidência da República, disse aos brasileiros que o senador José Sarney não poderia “ser tratado como um cidadão comum”, quando caía sobre ele uma série de denúncias de irregularidades, durante a presidência do Senado Federal.
Nota-se que o ex-presidente Lula da Silva também se auto-enquadra nesse grupo atípico dos cidadãos “não comuns”. Por sua ótica, esse grupo está acima dos limites do bem e do mal, razão pela qual não é suscetível ao cumprimento das normas sociais e das leis. Essa é uma maneira, inclusive, de abominar os cidadãos comuns (os mortais), que pagam seus impostos e ainda zelam pela manutenção do nome limpo na praça.
Essa visão, aliás, é bem típica do comportamento do nosso ex-presidente. Não são poucas as vezes que ele tem demonstrado gestos anacrônicos, autoritários e antidemocráticos.
Não é de se estranhar, portanto, o encontro do ex-presidente com Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, com a pretensão de intervir no julgamento do MENSALÃO. Ele próprio já havia anunciado à nação a intenção de provar que o “MENSALÃO” teria sido uma conspiração da oposição e da imprensa, como se todos nós fossemos tolos e cegos.
Como um cidadão “não comum”, Lula da Silva, quer nas manifestações públicas ou às sombras, não esconde dos mais observadores o sentimento raivoso que nutre por todos aqueles que lhe pareçam uma ameaça. Por isto, seus alvos recorrentes sempre são a oposição e a imprensa.
A forma de agir do ex-presidente, sem zelo às instituições e à democracia, é muito assemelhada a dos governos da ditadura militar, no sentido de querer cegar e calar a todos. Essa forma de ação, todavia, é um erro grave contra a liberdade de expressão, principalmente para um homem público que pretende a posição de um estadista.
Outra maneira de ação muito assemelhada do ex-presidente com as ditaduras é o aparelhamento do Estado, para servir aos seus anseios: um projeto político que tem como prioridade a manutenção do poder a qualquer preço.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) em andamento é parte desse projeto. Nasceu da esfera do ex-presidente com objetivo claro de influir na opinião pública e na decisão do STF sobre o MENSALÃO. As investigações direcionam para o aparelhamento do Estado, pelos elementos e provas que parecem pinçadas, o que se confirmado será gravíssimo.
Pelo andar da carruagem, os parlamentares ligados ao grupo de comando petista não medirão esforços para incriminar seus desafetos e confundir a opinião pública, custe o que custar. A empreiteira Delta e sua relação com o Governo Federal, principalmente com o Ministério dos Transportes e o Dnit, dificilmente será investigada.
Assim, não será novidade que daqui algum tempo essa CPMI venha a ser chamada de CPMI da VERGONHA, pela intensidade do cinismo e tamanho da desfaçatez.
Mas, enfim, nenhum deles pode “ser tratado como um cidadão comum”, pela passividade e ignorância política de nosso povo. Então, vamos deixar as questões de educação e cultura para outra oportunidade...
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