Na última terça-feira a Globo News mostrou ao vivo e em cores o espetáculo patético da CPMI do Carlinhos Cachoeira. A TV Senado e a TV Câmara preferiram transmitir suas sessões plenárias, para uma quantidade pífia de telespectadores, deixando a platéia mais robusta para a concorrente.
O que se viu, entretanto, não foi apenas o silêncio do depoente, orientado por seu advogado Márcio Thomaz Bastos. As intervenções dos deputados e senadores, com rara exceção, beiraram ao nível do ridículo, tamanho o despreparo de alguns e o cinismo de outros. A própria presença de Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo de Lula da Silva, trocando cochichos ao pé-de-ouvido com o criminoso, foi lamentável.
Contudo, também não faltaram os atos cômicos, conforme o protagonizado pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Depois de ser flagrado pela câmara do “SBT” anunciando a proteção do PT na CPMI a Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, desta vez Vaccarezza tampava o rosto com uma folha de papel ofício, para não deixar que suas conversas pudessem ser decifradas.
Vaccarezza deu mais uma demonstração às câmaras de TV da forma como eles tratam a coisa pública: dissimulada, às escondidas, precisando esconder o verdadeiro rosto...
Confesso ao leitor, que cheguei a pensar que só faltava a ex-deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), para alegrar seus pares com a dança da impunidade (ou da vaca louca?). Creio que muitos se lembraram da Guadagnin dançando no plenário da Câmara, pois afinal não são todos os brasileiros que têm memória curta, não é mesmo?
Encerrada a sessão, Thomaz Bastos em entrevista pareceu bastante satisfeito, uma vez que para ele Cachoeira “manteve o silêncio, um silêncio respeitoso, e a coisa correu bem...”.
O que não ficou claro foi a afirmativa de Thomaz Bastos, referindo-se ao contraventor Carlinhos Cachoeira, de que “qualquer fala dele seria perigosa”. Perigosa por quê? Para os governadores, que até aqui vêm sendo blindados pela CPI? Para o governo, que tem na empreiteira Delta a maior parceira na execução das obras do PAC? Ou será que ele teme um desfecho conforme o do ex-prefeito de Campinas, Celso Daniel ? Pode também ser uma ameaça velada? Recado para oposição? Não creio!
Desta vez, nosso “melhor” advogado criminalista não foi nada explícito. Foi muito diferente do ministro, quando instruiu a cúpula do PT a dizer que o dinheiro do MENSALÃO era de caixa dois – “recursos não contabilizados”, como depois saiu propagando o tesoureiro do escândalo, de nome Delúbio Soares. Não é a toa que Thomás Bastos tem a fama de excelente criminalista.
Mas, deixando de lado o MENSALÃO - sem querer evaporá-lo, como querem “alguns” -, essa CPMI tem tudo para desacreditar ainda mais o parlamento brasileiro. Isto será imperativo, se não forem convocados os governadores e ampliada a base de investigação da empreiteira Delta a todos os estados, pois é muito transparente o rastro da corrupção e forma escancarada da base do governo de tentar encobri-la.
Nesse caso, também ficará evidente que a CPMI só foi criada para minar a oposição, em ano eleitoral. Infelizmente, temos no Brasil os avessos ao sistema democrático - que não sabem conviver com a oposição, mesmo minguada, pois não hoje ela não chega a dezoito por cento dos membros do parlamento brasileiro.
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