O indiciamento do ex-ministro Orlando Silva pelo Superior Tribunal Federal (STF), dado à gravidade das denúncias - e evidências de tantos mal feitos no Ministério do Esporte -, tornou sua situação insustentável. De nada adiantou a blindagem dos aliados e a propaganda a seu favor veiculada no horário político de seu partido, o PCdoB, nem a sua insistência para permanecer no cargo.
Orlando Silva desde as denúncias da “Veja” já não reunia condições morais e políticas para continuar no cargo. Não fosse os “conselhos” do ex-presidente Lula da Silva para que resistisse, e a passividade da presidenta Dilma, teria saído menos exposto por tantas denúncias e com mais dignidade.
Mas a troca por Aldo Rebelo, para que o PCdoB não perca o seu lote no governo, não mudará muita coisa, ou nada. O modelo político continuará o mesmo, introduzido através do MENSALÃO do PT, desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula da Silva.
Assim, poderemos continuar sem uma política efetiva de esporte; sem capacidade real de promover a inclusão e a mobilidade social, através da formação de mais atletas de alto rendimento. O que temos visto até agora é muito pouco: muita propaganda, e o PCdoB e as ONG’s usando os esportes e o ministério.
Estamos próximos de realizar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Não poderíamos perder esta oportunidade de despolitizar o esporte. É hora de empreender uma gestão mais profissionalizada; de escutar as cabeças pensantes do setor; de valorizar o trabalho de atletas, tal como o de Paula, nossa ex-cestinha do basquete, que vem sendo desenvolvido em São Paulo.
Os escândalos recentes evidenciam com absoluta nitidez nossos problemas. Eles são muito mais profundos que o oásis do discurso demagógico da despedida de Orlando Silva. A política de Bolsa Atleta, nos moldes do Bolsa Família, e de distribuição de dinheiro às confederações e às ONG’s está dando pouco resultado. Temos que ser mais ousados e tirar lição dos nossos erros.
Um exemplo oportuno é a nossa participação nos XVI Jogos Pan-Americanos, que se encerram neste final de semana, em Guadalajara, no México. Dificilmente o Brasil conquistará mais medalhas que as 122 dos XIV Jogos, de Santo Domingos, em 2003. Certamente ficaremos muito longe dos 161 pódios - 54 de ouro - dos Jogos do Rio de Janeiro, em 2007. Estaremos sim, um pouco melhores que em Winnipeg no Canadá, em 1999, quando conquistamos 101 medalhas, o que não deixa de ser frustrante pela quantidade de recursos aplicados no período.
A participação do Brasil nos eventos esportivos internacionais mostra que em poucas modalidades poderemos esperar resultados na próxima Olimpíada, no ano que vem em Londres. Mas nossos atletas continuam fazendo a parte deles. São eles nossos heróis; merecem o reconhecimento por seus feitos. São eles os melhores exemplos de perseverança e determinação para a sociedade.
Nos escândalos nos ministérios do Esporte, da Casa Civil, dos Transportes e do Dnit, do Turismo e da Agricultura há uma grande capilaridade: todos os ministros caíram após denúncias de desvio de dinheiro público, sempre em proveito próprio e/ou partidário. Contudo, espera-se que a presidenta Dilma dê continuidade à faxina a favor do esporte, nos mesmos moldes à iniciada no Dnit e no Transporte.
Caso contrário, os problemas não se findarão com a saída de Orlando Silva e a entrada de Aldo Rebelo. Continuaremos a perder tempo e oportunidades.