quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Vilipendiando a Democracia

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O candidato petista, Fernando Haddad (PT-SP), agora pousa de democrata como se fosse o exclusivo guardião da democracia. Porém, no primeiro turno, não foram poucas as vezes em que o candidato defendeu publicamente o controle social da mídia (censura) - uma das bandeiras mais frenéticas do PT – e o projeto de controle ideológico dos órgãos da Justiça e das instituições desafetos. O modelo é inspirado na república bolivariana (que o leitor permita-me iniciar por minúsculas) da Venezuela, que levou aquele país a maior crise da história, com centenas de mortos e o mesmo tanto de presos políticos.
Não à toa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB-DF), tal como muitos outros democratas, se negaram a compor a chamada “Frente Democrática”, conforme pretensão do PT para enfrentar o candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ). O principal motivo é que o PT sempre tratou com insolência seus opostos, assim como jamais aceitou qualquer opinião divergente. E quem tem personalidade, quando vilipendiado não esquece a humilhação de seus algozes.
Durante os treze anos em que o PT governou o Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, embora tenha legado ao seu sucessor - o ex-presidente Lula da Silva (PT-SP) - um país muito melhor estruturado e organizado, sempre foi tratado como inimigo pelos petistas. Daí que tenha se sentido preterido por nunca ter sido convidado a participar de solenidades alguma no Planalto, como ex-presidente da República, não obstante ter realizado uma sucessão do mais alto nível, com total transparência, como em nenhum outro momento de nossa história.
Mesmo assim, o governo de Fernando Henrique Cardoso foi impiedosamente massacrado como “herança maldita”, de forma a desacreditá-lo ante a opinião pública. Outra crueldade foi a criação de um falso dossiê sobre os cartões coorporativos, na tentativa de incriminar a ex primeira dama, D. Ruth Cardoso, que, aliás, foi quem introduziu no país o programa Comunidade Solidária, precursor do Bolsa Família. Por “coincidência”, era a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG) a ministra-chefe da Casa Civil na ocasião em que forjaram essa trama.
Já o ministro Joaquim Barbosa, que presidia o STF por ocasião do MENSALÃO (2012-2014), sofreu os mais pesados impropérios, bem similares aos lançados atualmente contra o Juiz Sérgio Mouro, pela firme atuação no PETROLÃO. É fato, portanto, que o PT faz de cada um de seus desafetos o pior inimigo, principalmente quando flagrado em malfeitos.
O último exemplo é o de Ciro Gomes, que após anos de convivência com a trupe petista viu ruir nesta eleição a possibilidade de se coligar com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), por intervenção direta do cacique que se encontra preso na Polícia Federal de Curitiba. Desta forma, Ciro Gomes sentiu na pele a destruição de seu projeto político e acabou sozinho. Então, no segundo turno, preferiu viajar para a Europa a continuar na campanha política de maneira intensiva.
Contundentemente, o PT só aceita a sua hegemonia. Quando ameaçado, infla-se de ódio por falta de grandeza para aceitar opiniões divergentes. Democracia para o PT é simplesmente um instrumento para a tomada do poder, da forma como tão bem descreveu recentemente o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), em entrevista ao jornal “El País”. Por isto, não dá para acreditar no discurso de Fernando Haddad, pois seu partido jamais foi guardião da nossa democracia.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Vestindo Pele de Cordeiro


Pelas últimas pesquisas de intenção de votos, pode-se inferir que o candidato da direita, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), conquistará uma vitória maiúscula sobre Fernando Haddad (PT-SP), possivelmente com mais de 20 milhões de votos de frente. A expressividade da vitória, entretanto, não deve ser atribuída a possíveis méritos de Bolsonaro, mas sim a aversão ao Partido dos Trabalhadores, ao PT, conquistada nos seus 13 anos de governo e em suas atuações como oposição. Daí o elevadíssimo nível de rejeição que o candidato petista agregou nesse segundo turno das eleições, bem próximo a 50%.
A rejeição resulta do despotismo com que o PT sempre pautou suas ações, como se o partido e seus filiados estivessem acima do bem e do mal. Daí que em todos os governos depois da redemocratização do Brasil tenha atuado na oposição pelo impeachment. Primeiro do governo de Collor de Mello (PTC-AL) e de seu sucessor, o falecido Itamar Franco. Depois, do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) – Fora FHC! Nesse período foi contra o Plano Real, que estabilizou a economia e melhorou a renda do trabalhador impelindo a diminuição da pobreza, e a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF.
Já no governo, não obstante herdar do antecessor um país muito mais arrumado, disse ter assumido uma “herança maldita”, simplesmente para desqualificar Fernando Henrique Cardoso e equipe. Mesmo assim, manteve o compromisso de preservar a política econômica do PSDB e cumprir o equilíbrio fiscal. Por isto, a “Carta aos Brasileiros”, assinada pelo então candidato Lula da Silva (PT-SP), em 2002, para amenizar a ebulição do mercado, que fez disparar o dólar e o risco Brasil desestabilizando a economia, pelo efeito “Lula”.
No entanto, em março de 2006, iniciou o que chamaram de “uma nova matriz econômica”, ao nomearem o petista Guido Mantega (PT-SP) para o Ministério da Fazendo. Foi quando deram a largada à gastança! Tal política seria intensificada no governo de Dilma Rousseff (PT-MG), arruinando as contas públicas e gerando mais de 13 milhões de desempregados. Contudo, mesmo sabendo do tsunami no horizonte, a ex-presidente criava um Brasil às mil maravilhas para vencer as eleições de 2014 - Uma pilhagem eleitoral para vencer as eleições.
Entretanto, o PT nunca teve grandeza para reconhecer qualquer erro. E olha que não foram poucos: MENSALÃO, PETROLÃO e escândalos seguidos de escândalos. A culpa, contudo, sempre foi atribuída aos seus desafetos, ora aos opositores, ora à própria Justiça, sem o mínimo constrangimento em enxovalhar as instituições do Estado e em denegrir o Brasil junto às cortes internacionais e ao mundo. Mais valor sempre teve o partido e suas lideranças, o resto é segundo ou terceiro plano!
Também não tem qualquer constrangimento em defender sistemas autoritários, tais como o da Venezuela, de Nicolás Maduro, e a Nicarágua, de Daniel Ortega, que já tiraram a vida de centenas de opositores. Outras centenas de presos políticos são mantidas nos cárceres antidemocratas dessas ditaduras. Mas, dissimuladamente, o PT diz que aqueles países vivem em “democracia”.  
Agora, no desespero, o PT tenta se vestir com pele de cordeiro no pit stop da campanha política. Assim, esconde cinicamente os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff; diz-se favorável a imprensa livre, quando na realidade mantém em seu programa o “controle social da mídia” (censura); exalta a “soberania popular” e o mesmo projeto econômico fracassado em governos anteriores, o que levará o País à “venezuelização”. Além de tudo, tem ainda o cinismo de trocar o vermelho pelo verde e amarelo, julgando a todos como se fôssemos idiotas.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O Pau Brasil e a Borduna


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No período entre a chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500, até a da expedição de Martim Afonso de Souza, ao final de janeiro de 1531, Portugal não demonstrou interesse em colonizar o Brasil. A primeira expedição exploradora, de 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos (na companhia do mercador italiano Américo Vespúcio), não encontrara outra fonte de riquezas que não o pau-brasil. Daí que o rei D. Manuel I (1469-1521) tenha achado mais relevante explorar a nova rota das especiarias, mesmo a navegação sendo mais distante e mais perigosa pelo Cabo da Boa Esperança.
Então, a exploração do pau-brasil foi arrendada pela Coroa Portuguesa a um consórcio de comerciantes liderado por Fernão de Noronha, no momento em que a notícia da descoberta do Novo Continente já se espalhara por toda Europa, despertando a curiosidade e a cobiça de todos. Não demorou, portanto, para que entre 1503 e 1504 a França viesse a explorar o pau-brasil na costa brasileira. Tanto a França como a Inglaterra e os Países Baixos não aceitavam a divisão do Novo Mundo entre Portugal e Espanha, da forma como dispusera o Papa Alexandre VI (1431-1503) ao firmar o Tratado de Tordesilhas.
A exploração do pau-brasil pelos portugueses e franceses, e esporadicamente também pelos espanhóis, obteve a ajuda direta do índio. O principal atrativo para a aproximação foram as quinquilharias europeias, que de imediato despertavam neles verdadeiros fascínios.  Depois foram introduzidos objetos de ferro, como o machado, a tesoura, a faca e o anzol, que lhes reduzia acentuadamente o trabalho, principalmente na abertura de novas lavouras.
O pau-brasil extraído pelos franceses do litoral brasileiro era bastante lucrativo, uma vez que usado como corante pelas indústrias de tecido da Normandia. Com o excedente, os franceses faziam forte concorrência aos portugueses no mercado europeu.
Contudo, a principal aliança para fazer frente às necessidades de mão-de-obra e ao enfrentamento de tribos hostis se dava pela “oferta matrimonial”, como explica o sociólogo Jorge Caldeira, em seu livro “História da Riqueza do Brasil”, quando diz que “a aceitação de um estrangeiro se fazia, ... , por um ato muito simples: o casamento de aliança com uma filha do chefe. E esse ato, num grupo em que, pelos costumes, os homens vinham de fora e as mulheres eram educadas para receber em casa os homens de fora, era bem mais simples de ser arranjado quando envolvia indivíduos de plagas remotas”. 
Com este ato firmava-se um pacto entre os povos, que determinava uma forte relação de amizade que deveria estender-se aos tempos de guerra. E é justamente nas guerras em que eram capturados os inimigos que seriam subjugados como escravos ou submetidos à antropofagia, pela coragem demonstrada na lide. Em seus banquetes rituais de antropofagia os indígenas acreditavam que ingerindo a carne dos prisioneiros de guerra incorporavam toda coragem e força espiritual do vencido. Era justamente esse ritual o que mais temia e apavorava o europeu.
O ritual da antropofagia era uma prática comum utilizada pelos principais grupos tribais do Brasil, tanto no litoral como no interior. Deve-se ponderar que a organização social das tribos não se dissociava das guerras, haja vista que a própria estratificação social baseava-se fundamentalmente na capacidade de perseguir e matar o maior número de inimigos. Quanto mais valente o guerreiro mais consolidado ficava seu valor diante da tribo. Não por acaso, cabia ao guerreiro que capturava o prisioneiro o derradeiro forte golpe de borduna. 
Conforme relatam inúmeros cronistas da época, não foram poucos os viajantes que em suas viagens em busca do pau-brasil acabaram por sucumbir nos rituais da antropofagia. Todavia, as circunstâncias sempre foram determinantes, haja vista que o índio tanto podia manifestar os mais profundos gestos de admiração e amizade, como também hostilidade. Tudo dependia da maneira como tratados.

Este artigo foi publicado na revista "Cachoeiro Cult" e no blog do "Clube de Leitura Icaraí"

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Troca de valores pelo pouco apreço à Democracia

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Segundo matérias publicadas na grande imprensa, dirigentes petistas teriam repreendido o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), ex-presidente daquela agremiação partidária, o PT, pelas declarações dadas ao jornal espanhol El País. Dirceu foi muito claro ao dizer que “dentro do Brasil é uma questão de tempo para a gente tomar o poder, que é diferente de ganhar eleição”. Também exaltou a retirada do poder de investigação do Ministério Público (MP) e enlevou que o Supremo Tribunal Federal (STF) seja transformado em uma “Corte Constitucional”, sem grandes poderes.
Recordamos que José Dirceu só está solto por decisão da Segunda Turma do STF, depois de liminar de iniciativa do ministro José Dias Toffoli. Dirceu é ex-chefe de Toffoli, quando advogado-geral da União durante o governo do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP). Atualmente é condenado em dois processos, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região: O primeiro, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e recebimento de vantagens, a 23 anos e três meses de prisão; O segundo, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a 11 anos e três meses de prisão.
No entanto, não bastam apenas as repreensões do PT, com o único intuito de minimizar o que disse Dirceu junto à opinião pública. Aliás, todos sabem que as declarações do ex-ministro estão no DNA do partido. Projetos como o do “controle social da mídia” e de convocação de uma nova assembléia nacional constituinte vão de encontro ao que diz o ex-ministro, pois objetivam calar a oposição democrática e criar instrumentos legais para a perpetuação no poder, em moldes similares ao que está sendo feito na Venezuela e na Nicarágua. Por isto, o apoio explícito petista àquelas ditaduras.
A atual presidente do PT, senadora Gleisi Roffmann (PT-PR), durante o 23º Encontro do Foro de São Paulo - fórum que reuniu partidos de esquerda da América Latina e do Caribe – proferiu em nome de seu partido que “tem a expectativa de que a Assembleia Constituinte (da Venezuela) possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da Revolução Bolivariana”. Disse, ainda, expressar “forte apoio” e celebrar o que chamou de “constante compromisso do governo” de Nicolas Maduro com a revolução de esquerda naquele país vizinho.
Assim, o PT enaltece a ditadura de Nicolas Maduro, enquanto finge não conhecer nenhum de seus erros, seja no MENSALÃO, no PETROLÃO ou em qualquer outro escândalo ocorrido em seus governos, que não foram poucos. Nem a incompetência do Governo de Dilma Rousseff (PT-MG), que legou ao País uma dívida pública trilionária e mais de 13 milhões de desempregados, como conseqüência da maior crise da nossa história republicana.
O mínimo que o partido deveria fazer é reconhecer, com humildade, seus erros e pedir desculpas ao povo brasileiro, para reconquistar pelo menos um pouco da dignidade perdida.
A bem da verdade, o único que até agora teve essa grandeza foi Antônio Palocci (PT-SP), ex-ministro da Fazenda (Jan. 2003/Mar. 2006), no governo de Lula da Silva, e ministro Chefe da Casa Civil (Jan 2011/Jun. 2011), no governo de Dilma Rousseff, em sua delação premiada à Polícia Federal (PF). Por isto, Palocci que era junto com José Dirceu um dos maiores expoentes do partido, agora é simplesmente demonizado como se só falasse mentiras. Daí que o PT tenha virado uma seita que idolatra no silêncio o malfeito. Vergonhoso, mas nada...