Pesquisa
do Instituto Datafolha, divulgada nesta semana, apontou que 57% dos brasileiros
são favoráveis à prisão dos réus após condenação em segunda estância. Já para 36%
a prisão deve ser efetuada depois de esgotados todos os recursos, o que no meio
jurídico é chamado por trânsito em julgado. Os restantes 7% da amostra não
quiseram ou souberam opinar, conforme informado pelo Datafolha.
Outro
dado importante averiguado na pesquisa foi com relação à Operação Lava Jato,
quando 84% dos pesquisados se mostraram favoráveis à continuidade das
investigações, enquanto apenas 12% se posicionaram favoráveis ao encerramento e
4% não quiseram ou não souberam opinar. Já com relação à corrupção 44% dos
entrevistados acreditam que ela irá diminuir, enquanto que para 51% ela
continuará no mesmo patamar.
Em mãos
destes dados, pode-se inferir que a maior parte da população brasileira é
favorável ao combate à impunidade, já que esse fenômeno está estreitamente
associado ao objeto da pesquisa em questão. Portanto, a blindagem da Câmara dos
Deputados ao presidente Michel Temer (MDB-SP), ao impedir a abertura de
investigações contra ele por duas ocasiões consecutivas, constitui um ato
contra a vontade popular.
Vale
lembrar que nem mesmo uma mala com dinheiro, saindo apressada de uma pizzaria,
nem um conjunto de provas contundentes que ligariam o presidente ao suborno do
grupo JBS foi suficiente para que suas excelências, em obediência das leis e
respeito aos eleitores, autorizassem a abertura das investigações, que poderiam
levar o presidente ao impeachment. Por isto, continuamos a ser governados por
um presidente sob fortes suspeições.
A falta
de um substituto direto na linha de sucessão presidencial não é um argumento
consistente para evitar a investigação, principalmente diante de evidências tão
fortes de corrupção. Nem o pouco tempo que resta ao cumprimento do atual
mandato. O decoro do cargo tem que ser preservado, pois se trata da maior
autoridade da nação.
As
denúncias contra o presidente tem sido recorrentes. Agora mesmo o empresário
Gonçalo Torrealba confirmou em depoimento à Polícia Federal ter pago propina
para o presidente, por meio do coronel da Polícia Militar de São Paulo,
aposentado, João Baptista Lima Filho, dito como arrecadador. O coronel Lima faz
parte do círculo íntimo do presidente Temer há mais de 30 anos.
É de
conhecimento público que há anos o presidente Michel Temer tem influência
política sobre o porto de Santos – SP. Por ironia, esta é uma das unidades
portuárias com custos operacionais mais elevados do país, o que contribui para
diminuir a competitividade dos nossos produtos no mercado externo.
Sendo
assim, o presidente faz por merecer os atuais níveis de reprovação de seu governo,
que segundo pesquisa recente encontra-se em 70% entre ruim ou péssimo. Portanto,
não há como contestar que a maioria dos brasileiros está cansada da velha forma
de fazer política, e ora clama por mudanças efetivas. E poucos são os que
querem a impunidade.