A Câmara dos
Deputados tem colocado como prioridade em sua pauta uma série de remendos, que
suas excelências vêm chamando de “reforma política”. As reformas estruturais,
todavia, tão necessárias para ordenar o País e reverter o atual quadro de nossa
economia, vêm sendo continuamente postergadas. O motivo é a preocupação da
maioria com a própria reeleição, mesmo diante do atual quadro de crise política
e do desgaste do parlamento. Mesmo assim, ninguém quer perder as benesses de
Brasília. O Brasil que se dane!
Enquanto isso a
dívida pública brasileira já se aproximada de 75% do Produto Interno Bruto
(PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos durante o período
fiscal (um ano). Nossa dívida pública é gigantesca para a quantidade de problemas
que temos. Mesmo assim ela continuará crescendo, tamanho o desastre da política
econômica empreendida pelos últimos governos. Apenas nos três últimos anos ela
cresceu quase que 15%, devendo atingir, em 2023, a 92,4% PIB, quando chegará ao
pico mesmo se empreendidas as reformas necessárias.
Segundo o Tesouro
Nacional, só no último mês de julho o governo central acumulou um déficit
primário na ordem de R$ 20,152 bilhões, o pior resultado para o mês de toda a
série história, iniciada em 1997. No mês de junho o déficit primário já havia
alcançado o montante de R$ 19,227 bilhões, sem computar o pagamento dos juros
da dívida pública, que vão se acumulando mês a mês pela
falta de superávit.
O
economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos,
concorda que o governo brasileiro só irá obter novo superávit primário em 2024,
não obstante ao reconhecimento dos esforços e dos resultados já obtidos pela
equipe econômica atual. No entanto, caso as reformas estruturais não sejam
realizadas, entre ela a da previdência dos setores público e privado, todo
esforço empreendido tenderá ao fracasso.
Para reverter o
atual quadro da dívida pública, segundo consenso das principais autoridades da
área, será necessário que o País consiga um superávit primário acima de 3,0% do
PIB, para então começar a cobrir o pagamento integral dos juros. Para alcançar,
de novo, um superávit dessa ordem as medida corretiva não deveria ser
proteladas. Neste aspecto, o tempo não espera...
Como as contas
não fecham desde 2014, pode-se afirmar, com plena segurança que ora nós
brasileiros vivenciamos mais que uma década perdida. Os números são frios e
bastante convincentes, infelizmente. E a nossa crise não é apenas econômica,
senão também política, ética e de valores.
Ao contrário dos
países que alcançaram elevado grau de desenvolvimento social e humano, tanto a
sociedade brasileira como os poderes constituídos, seja no Legislativo, no
Executivo ou no Judiciário, ainda cultuamos a famosa “lei de Gerson”, que diz que
cada um, pessoa o empresa, deve procurar levar vantagem em tudo, sem se
importar com a evolução de todos. Daí que tenhamos uma sociedade pobre, sem
grandes valores, que compromete o próprio futuro.
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