Não são poucos os cientistas políticos que
defendem a ideia de que a reforma política é “a mãe de todas as reformas”. E
assim deveria ser se a classe política brasileira pensasse na organização do
Estado com transparência, ou o mínimo de abnegação e grandeza. Entretanto, as
questões prioritárias, de relevância pública, sempre são colocadas em segundo
ou terceiro plano pelas velhas oligarquias, que historicamente vêm regendo
nosso futuro.
Não é por acaso que o Brasil, tão abundante
em riquezas naturais e com dinâmica climática
extremamente favorável, tenha uma das piores distribuições de renda do planeta,
como também não é por acaso as debilidades de nossos sistemas de educação,
saúde e segurança pública. A Operação Lava Jato tem demonstrado que as
prioridades do País sempre estão atreladas às ambições de nossas elites
políticas e empresariais, com a cumplicidade dos burocratas do Estado, de
colarinhos branco.
Não nos faltam exemplos contundentes, tal
como a compra da Refinaria de Pasadena nos Estados Unidos; a construção de
gigantescos estádios de futebol, no padrão FIFA, para Copa do Mundo de 2014,
que hoje são elefantes brancos; as instalações olímpicas deixadas ao abandono,
sem o legado anunciado, entre tantas outras obras superfaturadas que hoje estão
paralisadas do Oiapoque ao Chuí, depois de iniciadas sem o menor planejamento.
Portanto, pelas próprias mazelas de nossos
governantes, não se pode esperar que a reforma política venha convergir com o
que é melhor para a nação. A proposta do voto em uma lista fechada, que até bem
pouco tempo só era defendida pelo PT, é uma clara demonstração de que a cúpula
do parlamento brasileiro busca nessa reforma uma brecha para a reeleição, com o
intuito de manter o foro especial e escapar do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
O voto em lista fechada limita o direito do
eleitor de escolher livremente seu candidato. A reforma política, a começar
assim, já se inicia com propostas do lado do avesso, contrária ao interesse
público, uma vez que só beneficia os velhos coronéis da política, atolados na
lama da corrupção até o pescoço. Por isto, qualquer proposta para manter a
sobrevivência na vida pública desses políticos é adversa ao que necessita o
Brasil.
O que o País precisa é que a “mãe de todas as
reformas” não esteja complacente com criminosos, que ficam eternamente no poder
a custa da morosidade da Justiça. Daí a necessidade de exterminar com as
coligações, que elegem maus candidatos nos rastros dos votos tiriricas. Outro
ponto que é imprescindível é a cláusulas de barreiras - de desempenho dos
partidos - para limitar a proliferação dos que funcionam como casa de negócios,
sempre em busca do dinheiro público.
Na democracia a escolha do eleitor é
soberana, por isto tem que ser dirigida com regras claras, sem qualquer
casuísmo, interferência de ações midiáticas e uso do poder econômico.
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