A última pesquisa de intenção de votos encomendada pela TV
Globo e o jornal “O Estado de São Paulo” ao Ibope, confirmou mais uma vez, de
forma inequívoca, que a Copa do Mundo não influenciou em nada na expectativa de
voto dos brasileiros, considerando as próximas eleições presidenciais. Pesquisa
anterior realizada pelo Instituto Sensus, para a revista “ISTO É”, logo após a
derrota do Brasil para a Alemanha, já apontava a tendência nessa direção.
Segundo os cientistas políticos, a variável que mais
influencia a população é a expectativa da condição financeira. Ou seja, se a
pessoa tem a percepção de que melhorou de vida, pelo consumo maior de bens e
serviço, e de que é melhor a perspectiva de emprego e segurança, ela tende
fortemente a ser conservadora e apoiar a continuidade do governo. Em suma, o
indivíduo, em particular, não quer correr o risco da perda.
Isto justificaria a eleição de Fernando Henrique Cardoso em
sucessão ao ex-presidente Itamar Franco, após a implantação do Plano Real, como
também a sua reeleição, por manter a estabilidade econômica e instituir uma
política de recuperação e de aumento real do salário mínimo. Quanto ao governo
de Lula da Silva, observa-se que a sua primeira vitória ocorreu em um período
de crise, enquanto a reeleição é atribuída à continuidade e ao aprimoramento
das políticas sociais desenvolvidas no governo anterior.
Outro ponto importante é que o governo de Lula da Silva foi
beneficiado pelo crescimento do mundo, sobretudo da China. Em pouco tempo os
preços das nossas commodities agrícolas e minerais se multiplicaram. Assim,
“como nunca antes na história deste país”, nossas exportações aumentaram em
valor, (não proporcionais à quantidade), que refletiram favoravelmente no
resultado da balança comercial e na acumulação das reservas cambiais do Brasil.
A considerar o resultado das últimas pesquisas qualitativas e
as explicações dos cientistas políticos, não obstante a criação de considerável
quantidade de emprego nos três primeiros anos do governo, a presidente Dilma
Rousseff encontrará grandes dificuldades para a sua reeleição, por uma série de
motivos alinhados as atividades econômicas.
O principal deles é o que mede a expectativa do indivíduo
quanto ao seu poder de compra e o das pessoas que vivem em seu entorno. Há
quatro anos as pesquisas do Ibope apontavam que 72% dos brasileiros achavam que
a situação havia melhorado, enquanto atualmente este indicador é de 42%, com
tendência de queda. Quanto à oportunidade de emprego, em 2010 a percentagem das
pessoas que achavam que a situação iria melhorar era de 56%, enquanto agora é
de 36%.
As mesmas pesquisas apontam para uma queda considerável na
avaliação dos serviços públicos, no mesmo período. Na saúde pública 37% da
população achavam que os serviços estavam melhorando, contra atuais 16%; na
segurança pública 30% aprovavam, contra atuais 18%; na educação só um entre
cada quatro brasileiros atualmente acha a qualidade irá melhorar.
O ponto mais crítico, no entanto, é a avaliação do governo de
Dilma Rousseff, com 33% da população considerando o governo como ruim ou
péssimo. Temos ainda como fatores desfavoráveis a perspectiva de crescimento
econômico abaixo de 1% e a sensação de carestia, dada pela alta da inflação.
Entretanto, uma coisa é certa. O governo tem a máquina e o
dinheiro público na mão e não medirá escrúpulo se for para ganhar as eleições.