Enquanto o futebol vai ficando em primeiro plano neste
período de Copa do Mundo, nos bastidores da política o toma lá dá cá vai
correndo solto, para garantir à candidata e presidente Dilma Rousseff (PT-RS) a
hegemonia no tempo da propaganda política. Esta é a oportunidade para os
partidos aliados angariarem os recursos financeiros para campanha e mais
espaços no loteamento do governo, inclusive negociando de antemão os cargos
para um possível segundo mandato.
O resultado do balcão de negócio é que a coligação de apoio à
presidente Dilma terá quase metade do tempo de propaganda de televisão, cerca
de 11 minutos e meio por dia. O oposicionista Aécio Neves (PSDB-MG) ficará com
cerca de 4 minutos e meio, enquanto Eduardo Campos (PSB-PE) com menos de 2
minutos. Os candidatos dos partidos nanicos terão direito a pequenas inserções
diárias.
O tempo de rádio e televisão é preciosíssimo para a
visibilidade dos candidatos. Por isto, a presidente Dilma Rousseff dará a
largada com considerável distância à frente de seus oponentes. Terá também a
vantagem de continuar exercendo a presidência, onde pode fazer a propaganda de
governo sem ser molestada pelo Supremo Tribunal Eleitoral - STE. Aliás, o atual
presidente do STE, ministro José Antônio Dias Toffoli, é ex-advogado do PT.
Como contraponto há a enorme impopularidade da presidente,
bem como a desaprovação de seu governo. As causas estão bem evidentes:
diminuição do consumo, dado pela carestia dos produtos básicos; falta de
qualidade dos serviços públicos; baixo crescimento do país; maior percepção de
corrupção, depois dos escândalos da Petrobras, conforme têm detectado os órgãos
de pesquisa.
Mesmo assim, não se pode esquecer que grande parte dos
eleitores brasileiros está à margem da vida política do país. Muitos não sabem
sequer quem são os candidatos e o que cada um deles representa. Considerando
ainda os analfabetos plenos e funcionais, que, infelizmente, ainda representam
grande contingente da população, bem como os votos do Bolsa Família, vimos o
quanto difícil será esta eleição.
Cientes dessas dificuldades, as principais líderes petistas
já ensaiam a polarização da campanha entre o “nós” e o “eles”, demonstrando que
mais uma vez teremos eleições com poucas propostas e muitos apelos.
O jornal “O Estado de São Paulo” sintetizou muito bem esta
situação ao expressar que “diante da sólida evidência de que a incompetência de
Dilma Rousseff está colocando seriamente em risco o projeto político do PT,
Luiz Inácio Lula da Silva apela para seu discurso retórico predileto: fazer-se
de vítima, acusar “eles” – seus adversários políticos – daquilo que o PT
pratica, transformando-os em inimigos do povo e sobre eles jogando a
responsabilidade por tudo de ruim e de errado que acontece no país. Lula
decidiu de vez partir para cima... no ambiente em que sente mais confortável: a
baixaria”.
Nesta eleição, no entanto, teremos também Eduardo Campos e
muitos outros ex-aliados do governo na hoste da oposição. Outro ponto é que são
12 anos de governo petista e já passou da hora do partido assumir os seus
próprios fracassos.