O pedido de
autorização para que o presidente Michel Temer (PMDB-SP) seja processado por
formação de quadrilha e obstrução de Justiça, que agora tramita na Câmara dos
Deputados, mais uma vez paralisa o governo. Tivessem “suas excelências”
deputados federais afastado o presidente na primeira denúncia, por corrupção
passiva, hoje o Brasil estaria mais estabilizado. Mas, por 263 votos favoráveis,
contra 227 votos pelo afastamento e duas abstenções, mesmo sangrando o
presidente foi mantido no cargo.
O atual presidente
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ, que é o atual substituto legal
do presidente da República no caso de seu afastamento, também é investigado
pela Operação Lava Jato. Entretanto, não pesa sobre ele suspeições tão graves
como aquelas que pairam sobre o presidente Temer. As malas de dinheiro que
envolveu o círculo íntimo do presidente - dito sob seu comando - são provas
muito contundentes. Incontestes. Portanto, a sua permanência, sob qualquer contexto,
deveria ser prontamente rechaçada em razão da própria magnitude do cargo.
É por essa e
outras atitudes iguais ou assemelhadas que a classe política chegou ao fundo do
poço, da forma como aponta pesquisa recente realizada pelo Instituto IBOPE de
Opinião, publicada pela revista “VEJA”. Segundo a pesquisa, não passa de 10% o
número de senadores e deputados considerados como confiáveis. Entre os atributos, a população considera que 55%
deles são desonestos; 52% atuam contra os interesses da sociedade e 49% são
mentirosos. Um vexame moral!
Outra prova
desse vexame foi também observada na pesquisa realizada pelo Forum Econômico
Mundial, que reuniu um universo de 137 países. Nessa pesquisa o Brasil amargou
a última colocação, quando considerado os princípios éticos, com a nota média
de 1,3. Tal nota é considera como extremamente baixa, já que o intervalo da
pontuação variou entre 1,0 (mínimo) e 7,0 (máximo). Quando a questão abordada é
sobre o desvio de recursos públicos a nota do Brasil foi de 1,8 – 134ª
colocação. Outro vexame!
A cada vez
que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal abdicam de tomar posições em
benefício do País, com altruísmo, mais caem no descrédito diante da população.
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), sintetizou
muito bem esse sentimento popular, ao afirmar que estamos sendo governos “por
um bando de delinqüentes, que degradam a atividade política”.
No entanto,
quando se vive em democracia não se pode abdicar dos políticos, tampouco dos
partidos políticos. Em qualquer parte do mundo o sistema democrático sempre
está em constante evolução. Aliás, todas as atividades humanas necessitam
sempre serem aperfeiçoadas.
Daí a
necessidade da pressão popular, para que boas reformas na legislação venham a
ser realizadas, tal como a Lei Complementar nº 135 de 2010, conhecida como lei
da “Ficha Limpa”, de iniciativa popular, ou mesmo a Lei Complementar nº 101 de
2000, dita Lei de Responsabilidade Fiscal. Outro ponto importante é o voto,
porque somos nós os responsáveis pela escolha dos nossos representantes.
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