O ministro da Fazenda, Guido Mantega (PT-SP), sempre informa aos contribuintes que a carga tributária está estabilizada; que não sofrerá novo aumento. Segundo ele, a arrecadação crescente é decorrente da “maior eficiência da receita”, que agora não mais faz vista grossa aos sonegadores, como faziam os governos “incompetentes” anteriores. Mas, na realidade os argumentos de Mantega não se sustentam.
Nesta semana o Departamento Intersindical de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou que a tabela do Imposto de Renda (IR)
já acumula uma defasagem 61,42% em sua correção. Isto quer dizer que atualmente
os brasileiros estão pagando mais 61,42% de IR, porque a tabela não é corrigida
anualmente de acordo com a inflação real.
O limite para isenção do IR, considerando a correção para o
ano-base de 2013, é de salários até R$ 1.787,77. Segundo os cálculos do DIEESE,
esta isenção deveria ser de R$ 2.885,82, se a tabela fosse corretamente
corrigida. Por esta razão é que a cada ano aumenta o número de contribuintes
obrigados a pagar o IR.
O governo pode não ter aumentado a alíquota do IR, nem a
carga tributária, da forma como diz Mantega, mas é inegável que ele promove o
aumento real da arrecadação ao deixar de corrigir devidamente a tabela do IR, o
que não deixa de ser uma grande esperteza para aumentar a arrecadação.
Outro ponto que o governo do Partido dos Trabalhadores (PT)
penaliza o trabalhador brasileiro é com relação à correção do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS). As perdas do poupador do FGTS são vultosas, porque
o governo também não corrige as contas dos trabalhadores corretamente, pela
inflação. Em contrapartidas, os lucros sucessivos obtidos pelo governo do FGTS
são enormes.
No ano de 2012 o lucro do Fundo foi na ordem de R$ 14,3
bilhões. A estimativa para 2013 é de lucro superior a R$ 15,0 bilhões.
Entretanto, o trabalhador, que é o verdadeiro dono do dinheiro, ano a ano vê
seu dinheiro minguando – um verdadeiro estelionato.
Estudo elaborado pelo Instituto FGTS Fácil, abrangendo o
período entre 2002 e 2012, demonstra que enquanto a inflação acumulada foi de
103%, o FGTS foi corrigido apenas 69,15%. O lucro, entretanto, cresceu 938%; o
Patrimônio Líquido – usado pelo governo em investimentos de infraestrutura –
cresceu 433%; o valor recebido pela Caixa Econômica Federal para a
administração das contas também subiu significadamente, chegando a R$ 3,3
bilhões em 2012, o que representa um aumento de 274% no período.
O programa “Minha casa, minha vida”, menina dos olhos da
presidente Dilma Rousseff, também utiliza o dinheiro do FGTS, que teoricamente
deveria pertencer aos trabalhadores.
Voltando a questão dos tributos, estudos recentes realizados
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
demonstram que a carga tributária brasileira cresceu 9,33%, entre 2010 e 2012.
Em 2010 correspondia a 33,2% do Produto Interno Bruto (PIB); em 2012 chegou a
36,2%.
Mesmo assim a carga tributária continua crescendo. A cada ano
é um novo recorde na arrecadação de impostos e contribuições. Em 2013 não foi
diferente: a receita fechou o ano com R$ 1,138 trilhão arrecadados, novo
recorde.
A carga tributária elevada diminui a capacidade de
investimentos das empresas e o poder de compra dos trabalhadores. O lamentável,
entretanto, é que o valor arrecadado é sempre insuficiente para cobrir o
custeio do governo e o pagamento dos juros da dívida pública. Sobra muito pouco
para investimentos. Contudo, o governo continua como sempre, insaciável e
gastando.