sexta-feira, 4 de março de 2011

O governo gasta muito e gasta mal

A presidenta Dilma Rousseff, numa demonstração inequívoca de força política, conseguiu aprovar como quis o valor do salário mínimo. Tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal, a base de apoio do governo passou como um míssil teleguiado sobre as propostas das Oposições Democráticas e das Centrais Sindicais, sem qualquer questionamento.
Segundo a grande maioria dos críticos, essa mensuração de força foi importante para sinalizar ao mercado a intenção de conter os gastos públicos e evitar, assim, a disparada dos juros e conter a inflação ascendente. Mas essa intenção durou pouco, muito pouco!
Passados apenas alguns dias, o governo anuncia ao país um novo aumento para o Bolsa Família. Na média será de 19,4%, beneficiando 12,9 milhões de famílias – aproximadamente 50 milhões de pessoas. Coincidentemente, isto gera um aumento nos gastos de R$ 2,1 bilhões/ano, o mesmo montante que seria acrescido, caso o salário mínimo fosse para R$ 600,00. A prioridade, portanto, seria para os que trabalham.
Um dia antes, porém, Guido Mantega também anunciou um pacote de cortes no orçamento. Certamente, será muito difícil para o governo realizar esses cortes, porque está ficando cada vez mais evidente que o governo da presidenta Dilma é gastador; carrega a mesma essência, o mesmo DNA do governo passado.
Prova disto é que o governo federal gastou somente com diárias e passagens aéreas de funcionários do executivo o montante de R$ 80,4 milhões, nos dois primeiros meses do ano. Um valor 32% maior que o desembolso do mesmo período do ano passado.
Pior é que a própria ministra do Planejamento, Mirian Belchior, anunciou que neste ano os gastos em passagens e diárias do executivo seriam reduzidos em 50%. Promessa esta que, evidentemente, não será cumprida.
Mas a redução nos gastos do governo é essencial para evitar a aceleração da inflação e reorganizar a política fiscal e os rumos de nossa economia. Enquanto isto não acontecer, a taxa de juros continuará crescendo. Agora mesmo, o Banco Central acaba de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para 11,75% - a maior taxa de juros do mundo.
Na realidade, o governo petista tem muita dificuldade em promover o controle dos gastos públicos. A preferência então é de aumentar a arrecadação, em sacrifício das empresas e famílias, que pagam as contas de um Estado gastador e inchado.
Há dez anos a arrecadação era inferior a 30% do PIB. Hoje passa dos 35%. E sempre aceitamos isso com passividade, como se aumento de impostos fosse normal. Assim, a tabela do Imposto de Renda, por exemplo, foi ficando defasada. Hoje a defasagem é de mais de 70%, mas vão corrigi-la em apenas 4,5%, sem nenhum protesto. Ainda têm a cara de pau em dizer que o governo "está abrindo mão de arrecadação", enquanto a inflação pelo INPC foi de mais de 6%, em 2010.
Independente de quem ora está no poder, o governo do Brasil sempre gasta muito e gasta mal, mas o governo petista tem demonstrado que gasta pior ainda...
Se os deputados e senado da base aliada agirem da mesma forma na questão da correção da tabela do IR como na questão do Salário Mínimo, estarão subtraindo rendimentos das famílias, dos trabalhadores. A correção da tabela do IR abaixo da inflação nada mais é que um estelionato "legalizado". 
Na questão do Bolsa Família, ninguém é contra o aumento. Mas da forma como está, sem uma porta de saída, o programa é simplesmente POLITIQUEIRO. Por que o governo jogou para escanteio o Comunidade Solidária, de Dona Ruth Cardoso? O Comunidade Solidária, até hoje, não é um exemplo de programa de inclusão social bem sucedido?

Temos que crescer muito na formação de nossa consciência política. Falta-nos educação de qualidade, cultura e preocupação com o nosso futuro. Não podemos aceitar que o governo continue aumentado impostos e gastando sem critérios ou para cobrir seus rombos. O dinheiro dos impostos é contingencial dos esforços de toda sociedade. Por isto, tem que ser utilizado da melhor forma possível.  

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