A presidenta
Dilma Rousseff, numa demonstração inequívoca de força política, conseguiu
aprovar como quis o valor do salário mínimo. Tanto na Câmara dos Deputados como
no Senado Federal, a base de apoio do governo passou como um míssil teleguiado
sobre as propostas das Oposições Democráticas e das Centrais Sindicais, sem
qualquer questionamento.
Segundo a
grande maioria dos críticos, essa mensuração de força foi importante para
sinalizar ao mercado a intenção de conter os gastos públicos e evitar, assim, a
disparada dos juros e conter a inflação ascendente. Mas essa intenção durou
pouco, muito pouco!
Passados
apenas alguns dias, o governo anuncia ao país um novo aumento para o Bolsa
Família. Na média será de 19,4%, beneficiando 12,9 milhões de famílias –
aproximadamente 50 milhões de pessoas. Coincidentemente, isto gera um aumento
nos gastos de R$ 2,1 bilhões/ano, o mesmo montante que seria acrescido, caso o
salário mínimo fosse para R$ 600,00. A prioridade, portanto, seria para os que
trabalham.
Um dia
antes, porém, Guido Mantega também anunciou um pacote de cortes no orçamento.
Certamente, será muito difícil para o governo realizar esses cortes, porque
está ficando cada vez mais evidente que o governo da presidenta Dilma é
gastador; carrega a mesma essência, o mesmo DNA do governo passado.
Prova disto
é que o governo federal gastou somente com diárias e passagens aéreas de
funcionários do executivo o montante de R$ 80,4 milhões, nos dois primeiros
meses do ano. Um valor 32% maior que o desembolso do mesmo período do ano
passado.
Pior é que a
própria ministra do Planejamento, Mirian Belchior, anunciou que neste ano os
gastos em passagens e diárias do executivo seriam reduzidos em 50%. Promessa
esta que, evidentemente, não será cumprida.
Mas a
redução nos gastos do governo é essencial para evitar a aceleração da inflação
e reorganizar a política fiscal e os rumos de nossa economia. Enquanto isto não
acontecer, a taxa de juros continuará crescendo. Agora mesmo, o Banco Central
acaba de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para 11,75% - a maior taxa
de juros do mundo.
Na
realidade, o governo petista tem muita dificuldade em promover o controle dos
gastos públicos. A preferência então é de aumentar a arrecadação, em sacrifício
das empresas e famílias, que pagam as contas de um Estado gastador e inchado.
Há dez anos
a arrecadação era inferior a 30% do PIB. Hoje passa dos 35%. E sempre aceitamos
isso com passividade, como se aumento de impostos fosse normal. Assim, a tabela
do Imposto de Renda, por exemplo, foi ficando defasada. Hoje a defasagem é de
mais de 70%, mas vão corrigi-la em apenas 4,5%, sem nenhum protesto. Ainda têm
a cara de pau em dizer que o governo "está abrindo mão de
arrecadação", enquanto a inflação pelo INPC foi de mais de 6%, em 2010.
Independente
de quem ora está no poder, o governo do Brasil sempre gasta muito e gasta mal,
mas o governo petista tem demonstrado que gasta pior ainda...
Se os
deputados e senado da base aliada agirem da mesma forma na questão da correção
da tabela do IR como na questão do Salário Mínimo, estarão subtraindo
rendimentos das famílias, dos trabalhadores. A correção da tabela do IR abaixo
da inflação nada mais é que um estelionato "legalizado".
Na questão
do Bolsa Família, ninguém é contra o aumento. Mas da forma como está, sem uma
porta de saída, o programa é simplesmente POLITIQUEIRO. Por que o governo jogou
para escanteio o Comunidade Solidária, de Dona Ruth Cardoso? O Comunidade
Solidária, até hoje, não é um exemplo de programa de inclusão social bem
sucedido?
Temos que
crescer muito na formação de nossa consciência política. Falta-nos educação de
qualidade, cultura e preocupação com o nosso futuro. Não podemos aceitar que o
governo continue aumentado impostos e gastando sem critérios ou para cobrir
seus rombos. O dinheiro dos impostos é contingencial dos esforços de toda
sociedade. Por isto, tem que ser utilizado da melhor forma possível.