sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O que será que vem por aí?

O ministro da Fazenda, professor Guido Mantega, anunciou ao país que o próximo ano será de aperto, para viabilizar o equilíbrio das contas do governo e conter a inflação. Por isto, serão cortadas despesas em todos os ministérios, inclusive na Saúde, bem como em obras do PAC. Só estão garantidos, segundo Mantega, os recursos para o programa Bolsa Família.
Para quem acompanha a vida econômica e política do Brasil esse fato já era esperado. Há quinze dias, aqui mesmo nesta coluna, em artigo intitulado “Herança Bendita?”, relatamos com fatos e números, que a situação econômica a ser herdada pela presidente eleita, Dilma Rousseff, será muito pior do que a herança de Lula da Silva de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
O presidente Lula da Silva vendeu ao país a ilusão de que ele resolveu todos os nossos problemas. Dilma Rousseff, por sua vez, endossou tudo que fez seu criador, ao mostrar um Brasil às mil maravilhas durante toda campanha: Não haveria necessidade de cortes nos gastos do governo; não seria preciso mexer no PAC; tudo que foi feito estava devidamente "perfeito”. De errado, só a oposição democrática e a imprensa "maldita".
Mas agora, passada as eleições, chega a hora do Brasil Real. Aparece o peso da dívida pública, que vai fechar o ano em R$ 2,450 trilhões (mais que dobrou no governo Lula); começa a explodir o inchaço do consumo do governo, que saltou de 4,4% para 8,8% do PIB, o que é inviável para o equilíbrio das contas; a inflação mostra a sua cara, ascendente; o peso do real valorizado inibe as exportações e já aparece o desequilíbrio da balança comercial do Brasil, etc...
Com tudo isto, o crescimento acelerado para eleições ficará certamente insustentável nos próximos anos, e a “marolinha” mostrará, irremediavelmente, seus efeitos. Fala-se até no retorno da CPMF, que o país não aceita, pois não suporta mais o peso da carga tributária de 38% do PIB – a maior entre todos os países emergentes.
Outro fato que ainda é uma incógnita é se realmente teremos a presidente eleita como real presidente, ou se será Lula da Silva quem comandará o próximo mandato.
A impressão que ora fica é a de que o atual presidente é quem está montando o próximo ministério. Foram inúmeros anúncios de ministros, que por sua ótica “deveriam continuar”, e que agora sabe-se que continuaram no governo. Não se consegue ver a liberdade da presidente eleita em montar a sua equipe de forma Republicana e presidencialista.
Na última terça-feira, no Rio, o presidente Lula da Silva anunciou, nos seguintes termos, que: “Não acredito que a gente tenha de cortar nenhum centavo do PAC, mas temos que manter a inflação sob controle, a estabilidade econômica e nós precisamos manter dinheiro para investimentos”. Ainda afirmou que “se tiver que mexer em alguma coisa vai ser em custeio e não em obras de investimentos”.
Lula da Silva, assim, desautorizou o ministro Guido Mantega, que falava já como ministro da presidente eleita. Mas o presidente não se importa, pois como sua popularidade é relevante, acha que pode falar à vontade...
(De bom da fala do presidente no Rio, ficou a promessa de que "irá vetar a emenda dos royalties do pré - sal", que garante ao Espírito Santo a possibilidade de continuar crescendo nos próximos anos).
Outra incógnita, que faz quebrar a cabeça, é a reforma política anunciada pelo presidente para o próximo ano (diz que a "coordenará"). O que fará Lula da Silva como ex-presidente, sem mídia e sem mandato? Como poderá protagonizar essa reforma, tão almejada pela sociedade brasileira? Por isto, fica aqui mais esta pergunta: O que será que vem por aí?

Um comentário:

  1. Wagner, parabéns pelo artigo !

    Divido com você e com os demais leitores a ansiedade quanto ao rumo da nossa política e da situação econômica. A máquina do governo está inchada e custeio absurdamente alto, no entanto, como profissionais atuantes na área de saúde, não podemos aceitar que o governo federal resolva reduzir o baixo valor direcionado para esse setor essencial, em prol do populismo ou atitudes eleitoreiras. Abraços. Fabio Bortolini

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